Ouça a Rádio Acesa FM ou click no icone!

Rádio Acesa Ao vivo

30 de abr. de 2014

30/04/2014 00h01

Hoje é aniversário do atentado do Riocentro


O atentado do Riocentro foi um frustrado ataque a bomba na noite de 30 de abril de 1981, durante um show do Dia do Trabalho.
As bombas, plantadas por um sargento e um capitão, teria sido uma tentativa de setores mais radicais do governo de convencer os moderados a interromper a abertura política. Em quatro anos a democracia seria restabelecida no país.
A Música do Dia é a que tocava no momento da explosão.
Texto e apresentação: Luiz Cláudio Canuto

Caneta com ouvidos reconhece sua assinatura pelo barulho

Caneta com ouvidos reconhece sua assinatura pelo barulho: O som emitido pela caneta em contato com o papel é suficiente para aferir a autenticidade de uma assinatura.

Nova forma de filtrar a luz faz espelho virar janela

Nova forma de filtrar a luz faz espelho virar janela: E vice-versa - basta estar no ângulo correto em relação ao espelho para você sumir ou reaparecer.

Câmeras de segurança vão ganhar ouvidos inteligentes

Câmeras de segurança vão ganhar ouvidos inteligentes: Tecnologia de inteligência artificial permitirá avanço no monitoramento de áreas como segurança e mobilidade.

Luz gera onda de som que grava dados magneticamente

Luz gera onda de som que grava dados magneticamente: O feito representa a realização de um sonho na gravação de dados com baixo consumo de energia.
 E se reduzirmos a jornada trabalhista para 6 horas?
Gotemburgo começará uma experiência para saber se trabalhar 6 horas por dia é mais benéfico para a produtividade, a saúde e a felicidade dos trabalhadores

O debate não é novo, mas foram os suecos que se decidiram a provar sua eficácia: Gotemburgo (a segunda cidade em importância da Suécia) fará um experimento para constatar o sucesso ou o fracasso da redução da jornada trabalhista para 6 horas diárias, segundo declarou Mats Pilhem, conselheiro da prefeitura e pertencente ao Partido da Esquerda, ao jornal sueco The Local.

A proposta do ensaio é simples: a metade dos funcionários da prefeitura manterão sua jornada habitual de quarenta horas semanais enquanto a outra metade desenvolverão uma jornada diária de 6 horas. Todos os trabalhadores ganharão o mesmo salário (é provável que os do segundo grupo estejam esfregando as mãos neste momento pensando no tamanho de sua sorte). Dentro de um ano serão avaliados os resultados do estudo para decidir que tipo de horário é mais benéfico para a sociedade de modo geral. “Esperamos que os trabalhadores de nosso modelo tenham menos dias de baixa por doença e se sintam melhor física e mentalmente após ter jornadas trabalhistas mais curtas”, explicou Pilhem.

A prova da redução da carga horária da jornada trabalhista obteve mais vezes resultados irregulares. Pilhem em suas declarações faz alusão a uma fábrica automobilística da própria cidade que obteve conclusões positivas. Seus opositores, no entanto, lembram o caso da cidade de Kiruna, que depois de dezesseis anos com a jornada reduzida decidiu voltar à jornada original por motivos econômicos e de saúde.

Seja como for, o que evidencia a decisão das autoridades suecas é a preocupação europeia com a duração das jornadas trabalhistas, que causam problemas que vão desde a conciliação trabalhista e familiar até à produtividade e eficiência das empresas. Há apenas algumas semanas, a França anunciou que engenheiros e consultores eram obrigados a desligar seus celulares e dispositivos eletrônicos corporativos durante 11 horas por dia para tentar acabar assim com as jornadas trabalhistas intermináveis. Isto é, desligar o computador e o celular do trabalho e esquecer deles até a manhã seguinte, uma ação que para muitos e muitas é inimaginável nos dias de hoje.

E se reduzirmos a jornada trabalhista para 6 horas

Na Espanha, o problema é quase maior devido aos horários que, por si só, já são estendidos, e à cultura do “presentismo” trabalhista que impera na sociedade há alguns anos e é agravada por fatores como a crise. No entanto, alguns setores começaram a criar iniciativas para que os horários de trabalho sejam moldados de modo que haja uma melhoria na vida social e familiar das pessoas. É o caso, por exemplo, da Associação para a Racionalização dos Horários Espanhóis (ARHOE) cujo manifesto defende por “uma profunda modificação dos horários na Espanha, que nos ajude a ser mais felizes, a ter mais qualidade de vida e a ser mais produtivos e competitivos.”

Um dos objetivos do manifesto é favorecer a igualdade entre o homem e a mulher, já que as jornadas trabalhistas que são maratonas afetam especialmente às mulheres. De fato, o partido político sueco Iniciativa Feminista, é um dos principais defensores do experimento da redução das horas de trabalho já que fará a vida trabalhista bem mais acessível às mulheres com filhos. Até o momento, as medidas que estavam sendo tomadas pareciam encaminhadas a adaptar a vida pessoal e familiar com o trabalho (com a extensão dos horários dos colégios, por exemplo) mas parece que as coisas começam a mudar, ao menos no resto de Europa. Do resultado do experimento de Gotemburgo pode ser que possam extrair os roteiros para avançar na direção adequada para a verdadeira conciliação.
É preciso investir no ensino com problemas jurídicos concretos

O ensino de Direito no Brasil passou por uma grave crise no final da década de 1990. Parte dessa crise era quantitativa, com a proliferação de escolas de Direito. De 200 que eram no início da década, passaram a mais de 1 mil. E houve também uma crise de qualidade. Criticava-se, então, a estrutura curricular rígida, a falta de diálogo entre disciplinas teóricas e dogmáticas e os métodos de ensino assentados em palestras magistrais.

Foi nesse contexto que surgiu um novo GVlaw, Programa de Pós-Graduação Lato Sensu da Escola de Direito de São Paulo, da Fundação Getulio Vargas. A preocupação era montar cursos capazes de formar profissionais sensíveis à realidade do Direito. A escola, então, passou a investir em métodos participativos do ensino estudando experiências de outros países e também a experiência de outros campos do conhecimento do Brasil. O objetivo principal deixou de ser a transmissão de informação para ser a troca de conhecimento.

Nesse sistema, o aluno é persuadido a participar da aula o tempo todo, num ambiente permantente de troca de conhecimento e experiência. Para isso, a escola segmentou as turmas buscando colocar na mesma sala de aula, profissionais com o mesmo tempo de experiência profissional. Uma turma que é homogeneamente experiente alavanca o ensino dentro da sala de aula quando há esse apelo de método de ensino participativo em que a contribuição que o aluno trás é altamente relevante, afirma Emerson Ribeiro Fabiani (à direita na caricatura), coordenador executivo do Programa de Educação Executiva do GVlaw.

Segundo Fabiani e Fábio Ferreira Durço (à esquerda na caricatura), também coordenador executivo do programa, que concederam entrevista exclusiva à revista eletrônica Consultor Jurídico, o grande desafio da escola é diminuir a distância entre quem já atua no mercado e quem é responsável pela formação de quem vai atuar no mercado. É preciso investir ainda mais nessa preocupação com problemas jurídicos concretos e reavaliar sempre quais são os métodos que a gente está usando para conseguir isso, diz Fabiani.

Leia a entrevista:

ConJur Como está o ensino de Direito no país?

Emerson Ribeiro Fabiani É uma pergunta difícil. A gente teve, na década de 1990, um crescimento brusco no número de faculdades de Direito. Foi um crescimento astronômico de cerca de 200 para 1,5 mil escolas. O movimento é um pouco marcado por um controle maior do Ministério da Educação que fechou várias faculdades de direito e diminuiu vagas em vários cursos de graduação. Houve também um movimento de consolidação do mercado. A gente já não percebe mais essa expansão no mesmo nível que a gente viu nos anos 2000. E eu tenho percebido, como a nossa escola investe muito em formação docente, em aprimoramento docente. A gente tem percebido uma preocupação sincera de muitas faculdades em investir na formação de seus professores. E cada vez mais uma consciência de que isso é importante e que isso faz a diferença. Então, eu tenho uma visão muito otimista em relação ao ensino do direito no Brasil.

ConJur Houve uma mudança no ensino do direito nesses últimos anos?

Emerson Ribeiro Fabiani Muitas escolas atuais não teriam espaço na década de 1980, como a GV. E há várias experiências bem sucedidas de escolas com propostas bem fundamentadas de ensino. Hoje em dia há uma circulação maior de professores e pesquisadores pelo Brasil e também para fora do Brasil, e isso tem contribuído para que o debate sobre modelos de ensino no direito seja mais oxigenado e as pessoas passam a ter outras referências. Isso tem contribuído muito. Eu tenho uma visão bastante otimista.

ConJur O GVlaw surgiu de uma necessidade de melhorar o ensino do Direito?

Emerson Ribeiro Fabiani A ideia de se criar uma escola de direito na GV já existia, mas ficou mais forte no final da década de 1990, a partir de um diagnóstico, compartilhado por alguns professores e diretores da Fundação Getúlio Vargas, de que o ensino do direito passava por uma crise.

29 de abr. de 2014

Como uma mulher passou 9 meses escondendo a gravidez da internet

Por Redação Olhar Digital - em 28/04/2014

Um internauta em geral não consegue esconder informações importantes da internet. Casamento, mudança, gravidez... tudo acaba sendo descoberto uma hora ou outra, fazendo com que a pessoa se torne alvo de anunciantes. No caso de mulheres grávidas, um alvo disputadíssimo, porque essa pessoa passará nove meses fazendo grandes compras (muitas fraldas, muitas roupinhas etc.).

Uma professora assistente de sociologia na Universidade de Princeton comprovou a dificuldade que há em se manter no escuro quando o assunto é gravidez. Durante todo seu período gestacional ela fugiu, e com isso ganhou até atenção de autoridades, que suspeitaram de seu comportamento.

Janet Vertesi contou seu caso na sexta-feira, 25, em uma conferência em Nova York. "Minha história é sobre big data, mas de baixo para cima", comentou, durante a apresentação.

A primeira medida tomada por ela foi impedir qualquer menção à gravidez em redes sociais, uma das formas mais eficazes de se coletar informações. Amigos e familiares foram avisados sobre a novidade por telefone ou e-mail e já eram alertados sobre o veto ao Facebook. Ela até foi obrigada a excluir um tio que furou as regras.

Janet também passou os nove meses fazendo compras em dinheiro, impedindo que o banco ou a operadora do cartão de crédito ficassem sabendo. Quando queria comprar algo online, ela recorria a uma conta na Amazon vinculada a um e-mail hospedado num servidor pessoal e pedia para as entregas serem feitas em outro endereço, certificando-se de usar sempre cartões-presente da Amazon que ela comprava com dinheiro.

A maior parte da navegação na internet ela fez pelo Tor, browser que esconde os rastros do internauta (saiba mais). Só que toda essa movimentação anormal levantou suspeitas e, quando seu marido tentou comprar US$ 500 em cartões-presente com dinheiro para trocar em um carrinho, foi alertado de que a empresa que vendia os cartões era legalmente obrigada a notificar as autoridades por se tratar de uma operação excessiva.

A experiência de Janet deu certo, por mais que ela tenha se tornado, por algum tempo, potencialmente suspeita, mas nem todo mundo conseguiria fazer o mesmo. Basta lembrar o caso da Target: em 2012, a varejista norte-americana revelou como, a partir das compras realizadas pelas clientes, consegue descobrir se ela está grávida

Uma série para a escola pública que dá certo

28 de abril de 2014
'Educação.doc' investiga casos de sucesso e conquista audiência tanto na TV aberta quanto em canal pago
Que espaço na TV aberta teria uma série de documentários sobre escolas públicas brasileiras que, apesar de se localizarem em regiões com problemas sociais e econômicos, são capazes de oferecer educação de qualidade e ter resultados surpreendentes, até melhores que escolas privadas? A julgar pela tendência da programação, pouco espaço. Mas com Educação.doc os diretores Luiz Bolognesi e Laís Bodanzky provam que o assunto não só merece o horário nobre como pode se tornar líder de audiência. A série ganhou exibições no Fantástico, em episódios de oito minutos, e horário fixo na Globo News, aos domingos, às 20h30.
"Filmamos de forma independente e apresentamos para a GloboNews e para o Fantástico. Em geral, a gente pensa que documentários são programação de nicho, ainda mais quando se trata de educação. No entanto, na TV aberta, desde a estreia, há três semanas, fomos exibidos em horário de pico, entre 21h e 22h. E no dia seguinte, segunda, no site do Fantástico, a matéria que teve mais recomendações e curtidas foi justamente a de Educação.doc.", comentou Bolognesi em entrevista ao Estado. "É ótimo saber que tivemos 20, 25 pontos de audiência. Cerca de 20 milhões de pessoas assistiram e recomendaram. Números que não imaginávamos", completa o diretor, que em 2013 levou o prêmio de melhor longa de animação no conceituado Festival de Annecy por Uma História de Amor e Fúria.
O mesmo sucesso se repetiu na TV a cabo, em que episódios de 26 minutos tratam de diversos temas e trazem opiniões de alunos, educadores e especialistas sobre o futuro da educação na era tecnológica, o papel do professor, taxa de abandono escolar, entre outros. "São programas que aprofundam o conteúdo. Nas últimas três semanas, a série também foi a mais recomendada no site da GloboNews", informa o diretor.
O quinto programa, que discute como será a escola daqui a 50 anos, vai ao ar no próximo domingo. Mas quem perdeu os primeiros quatro episódios pode assisti-los online. O mesmo vale para o Fantástico, que disponibiliza o conteúdo online. "É importante poder dar acesso online e gratuito ao público. A televisão também está mudando e acompanha a tendência de que o espectador faz a sua própria programação. Durante seis meses, os programas estarão no ar nos sites. Depois, nós vamos disponibilizar no site da Buriti Filmes (www.buritifilmes.com.br)", explica Bolognesi, que com sua produtora já realizou longas como As Melhores Coisas do Mundo e Chega de Saudade.
Em paralelo, em parceria com a editora moderna, os produtores preparam um DVD encartado em um livro, que será distribuído para 50 mil escolas e secretarias municipais, entre outros. "Que seja o começo de uma reflexão em todo o Brasil. O que faz uma boa escola? Recursos econômicos? Bons professores? Tecnologia?", questiona o cineasta.
A jornada de Educação.doc começou quando Bolognesi e Laís começaram a perceber que muitas escolas públicas estavam não só aprovando seus alunos em vestibulares, obtinham resultado do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado em 2007, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) acima da média de instituições particulares e que muitas se localizavam em regiões com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). "Eu, que já fui professor e sou apaixonado pelo assunto, e a Laís nos perguntamos como era possível. Fomos investigar", conta ele, que visitou oito escolas de várias regiões. "Não há uma fórmula só, mas todas passam pela valorização do professor e da educação como política pública de primeira ordem."
A experiência foi tão marcante que a dupla planeja escrever um roteiro de ficção com base nas informações que coletou ao no processo. "Foi um laboratório incrível. Já havíamos abordado o universo escolar em As Melhores Coisas. Agora queremos contar uma história do jovem da escola pública", completa Bolognesi.

Uma série para a escola pública que dá certo

28 de abril de 2014
'Educação.doc' investiga casos de sucesso e conquista audiência tanto na TV aberta quanto em canal pago
Que espaço na TV aberta teria uma série de documentários sobre escolas públicas brasileiras que, apesar de se localizarem em regiões com problemas sociais e econômicos, são capazes de oferecer educação de qualidade e ter resultados surpreendentes, até melhores que escolas privadas? A julgar pela tendência da programação, pouco espaço. Mas com Educação.doc os diretores Luiz Bolognesi e Laís Bodanzky provam que o assunto não só merece o horário nobre como pode se tornar líder de audiência. A série ganhou exibições no Fantástico, em episódios de oito minutos, e horário fixo na Globo News, aos domingos, às 20h30.
"Filmamos de forma independente e apresentamos para a GloboNews e para o Fantástico. Em geral, a gente pensa que documentários são programação de nicho, ainda mais quando se trata de educação. No entanto, na TV aberta, desde a estreia, há três semanas, fomos exibidos em horário de pico, entre 21h e 22h. E no dia seguinte, segunda, no site do Fantástico, a matéria que teve mais recomendações e curtidas foi justamente a de Educação.doc.", comentou Bolognesi em entrevista ao Estado. "É ótimo saber que tivemos 20, 25 pontos de audiência. Cerca de 20 milhões de pessoas assistiram e recomendaram. Números que não imaginávamos", completa o diretor, que em 2013 levou o prêmio de melhor longa de animação no conceituado Festival de Annecy por Uma História de Amor e Fúria.
O mesmo sucesso se repetiu na TV a cabo, em que episódios de 26 minutos tratam de diversos temas e trazem opiniões de alunos, educadores e especialistas sobre o futuro da educação na era tecnológica, o papel do professor, taxa de abandono escolar, entre outros. "São programas que aprofundam o conteúdo. Nas últimas três semanas, a série também foi a mais recomendada no site da GloboNews", informa o diretor.
O quinto programa, que discute como será a escola daqui a 50 anos, vai ao ar no próximo domingo. Mas quem perdeu os primeiros quatro episódios pode assisti-los online. O mesmo vale para o Fantástico, que disponibiliza o conteúdo online. "É importante poder dar acesso online e gratuito ao público. A televisão também está mudando e acompanha a tendência de que o espectador faz a sua própria programação. Durante seis meses, os programas estarão no ar nos sites. Depois, nós vamos disponibilizar no site da Buriti Filmes (www.buritifilmes.com.br)", explica Bolognesi, que com sua produtora já realizou longas como As Melhores Coisas do Mundo e Chega de Saudade.
Em paralelo, em parceria com a editora moderna, os produtores preparam um DVD encartado em um livro, que será distribuído para 50 mil escolas e secretarias municipais, entre outros. "Que seja o começo de uma reflexão em todo o Brasil. O que faz uma boa escola? Recursos econômicos? Bons professores? Tecnologia?", questiona o cineasta.
A jornada de Educação.doc começou quando Bolognesi e Laís começaram a perceber que muitas escolas públicas estavam não só aprovando seus alunos em vestibulares, obtinham resultado do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica, criado em 2007, pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) acima da média de instituições particulares e que muitas se localizavam em regiões com baixo IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). "Eu, que já fui professor e sou apaixonado pelo assunto, e a Laís nos perguntamos como era possível. Fomos investigar", conta ele, que visitou oito escolas de várias regiões. "Não há uma fórmula só, mas todas passam pela valorização do professor e da educação como política pública de primeira ordem."
A experiência foi tão marcante que a dupla planeja escrever um roteiro de ficção com base nas informações que coletou ao no processo. "Foi um laboratório incrível. Já havíamos abordado o universo escolar em As Melhores Coisas. Agora queremos contar uma história do jovem da escola pública", completa Bolognesi.

28 de abr. de 2014



Brasil tem 30% de suas escolas sem abastecimento de água
Cerca de 60% das 151 mil unidades de ensino na rede pública não tem internet. Mais de 6 mil funcionam sem sequer luz elétrica
O intenso processo de reestruturação da rede escolar, em muitos casos com redução no número de unidades em funcionamento, ocorre em meio a um drama vivido por pais, professores e alunos: a falta de infraestrutura das escolas. Se, nos últimos anos, houve aumento no acesso à energia elétrica e à internet em banda larga, as mudanças ainda estão longe de alcançar os objetivos previstos no Plano Nacional de Educação (PNE). Em toda a rede pública do país, apenas 4,15% das escolas têm todos os itens da infraestrutura adequada descrita pelo PNE. Ou seja, pouco mais de seis mil unidades de um total de mais de 151 mil.
Esses dados fazem parte de um estudo elaborado pelo Movimento Todos Pela Educação. O trabalho demonstra que, entre 2009 e 2013, houve um aumento de apenas 1,09 ponto percentual do número de escolas públicas com todos os itens adequados: água tratada e saneamento básico, energia elétrica, acesso à internet em banda larga de alta velocidade, acessibilidade para pessoas com deficiência, bibliotecas, espaços para práticas esportivas, acesso a bens culturais e à arte e equipamentos e laboratórios de ciências.
Hoje, há mais escolas públicas com acesso à internet do que com saneamento básico: 40,73%, contra 35,78%, respectivamente. As bibliotecas e quadras esportivas estão presentes em menos de 30% delas. Eletricidade atende a 94,60%. Mas 30% dos estabelecimentos não têm abastecimento de água da rede pública ou mesmo filtrada.
Oito mil escolas sem energia elétrica no país
Uma análise dos microdados do Censo da Educação, mostra que mais 8,2 mil escolas do país ainda não têm energia elétrica.
Outras 19 mil unidades de ensino país afora informaram que as crianças consomem água não filtrada. Cerca de oito mil disseram que não contam com o serviço regular de abastecimento. Em Venturosa, a 249 quilômetros do Recife, a seca obriga a prefeitura a enviar caminhões-pipa às escolas. Na Creche Irmão Leonie, 80 crianças de até 5 anos bebem a água sem qualquer filtragem.
União diz repassar recursos a prefeituras
Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Ocimar Alavarse, os exemplos são preocupantes:
— A legislação obriga a que as crianças estejam em sala de aula, mas as estamos colocando em lugares sem a infraestrutura básica, como água filtrada. Precisamos investir muito mais nas escolas, mas não pode ser qualquer investimento.
O presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Romeu Caputo, reconhece que ainda precisa ser investido mais, mas afirma que o governo federal tem conseguido reduzir os percentuais de unidades sem serviços básicos, repassando recursos às prefeituras para investimento na filtragem da água, por exemplo.
Brasil tem 30% de suas escolas sem abastecimento de água
Cerca de 60% das 151 mil unidades de ensino na rede pública não tem internet. Mais de 6 mil funcionam sem sequer luz elétrica

O intenso processo de reestruturação da rede escolar, em muitos casos com redução no número de unidades em funcionamento, como O GLOBO mostrou ontem, ocorre em meio a um drama vivido por pais, professores e alunos: a falta de infraestrutura das escolas. Se, nos últimos anos, houve aumento no acesso à energia elétrica e à internet em banda larga, as mudanças ainda estão longe de alcançar os objetivos previstos no Plano Nacional de Educação (PNE). Em toda a rede pública do país, apenas 4,15% das escolas têm todos os itens da infraestrutura adequada descrita pelo PNE. Ou seja, pouco mais de seis mil unidades de um total de mais de 151 mil.

Esses dados fazem parte de um estudo elaborado pelo Movimento Todos Pela Educação. O trabalho demonstra que, entre 2009 e 2013, houve um aumento de apenas 1,09 ponto percentual do número de escolas públicas com todos os itens adequados: água tratada e saneamento básico, energia elétrica, acesso à internet em banda larga de alta velocidade, acessibilidade para pessoas com deficiência, bibliotecas, espaços para práticas esportivas, acesso a bens culturais e à arte e equipamentos e laboratórios de ciências.

Hoje, há mais escolas públicas com acesso à internet do que com saneamento básico: 40,73%, contra 35,78%, respectivamente. As bibliotecas e quadras esportivas estão presentes em menos de 30% delas. Eletricidade atende a 94,60%. Mas 30% dos estabelecimentos não têm abastecimento de água da rede pública ou mesmo filtrada.

— Vários estudos já indicaram que a infraestrutura afeta o desempenho dos alunos. Não é que uma escrivaninha explica o quanto um aluno vai aprender. É que ela faz parte de uma infraestrutura básica que precisa existir para as crianças poderem estudar. Mais de 90% das escolas não têm laboratório de ciência. Temos capacidade de levar uma agência do Banco do Brasil ou da Caixa Econômica para quase todos os municípios, mas não conseguimos ainda melhorar as nossas escolas — observa Alejandra Meraz Velasco, gerente da área técnica do Todos Pela Educação.

Oito mil escolas sem energia elétrica no país

Uma análise dos microdados do Censo da Educação 2013 feita pelo GLOBO e publicada hoje, Dia Internacional da Educação, mostra que mais 8,2 mil escolas do país ainda não têm energia elétrica. É o caso da Escola Municipal Nossa Senhora da Conceição, no povoado Sambaíba, em Miguel Alves, a 116 quilômetros de Teresina. A unidade — que não dispõe ainda de água e banheiros, é feita de taipa e tem paredes esburacadas, que permitem até a entrada de animais, como cabras e cães, durante as aulas — é uma espécie de exemplo extremado de um problema verificado, em maior ou menor grau, em comunidades pobres e rurais.

— A louça usada na merenda é lavada no chão porque não temos pias. É triste, uma situação precária. Qual o futuro dessas crianças? O que tem de atrativo nesta escola para que elas venham todos os dias pela manhã? — lamenta a professora Juliana Lopes Freitas, há cinco anos ali.

A água que as crianças bebem vem do poço de uma residência próxima, mas o filtro da unidade não tem velas. Os professores e os pais dos alunos fizeram um abaixo-assinado, com fotografias da escola, e o entregaram a promotores de Justiça do município cobrando melhores condições para os 47 estudantes — 15 da pré-escola, 22 de uma sala multisseriada que vai do 1º ao 3º ano do ensino fundamental, e dez de uma turma de 4º e 5º anos.

— Quando chove, não tem goteira: derrama água, mesmo, porque o teto de palha está cheio de buracos. A gente tem que esperar passar para continuar a aula — diz Júnior Lima Sousa, de 11 anos, estudante do 5º ano do ensino fundamental.

Outras 19 mil unidades de ensino país afora informaram que as crianças consomem água não filtrada. Cerca de oito mil disseram que não contam com o serviço regular de abastecimento. Em Venturosa, a 249 quilômetros do Recife, a seca obriga a prefeitura a enviar caminhões-pipa às escolas. Na Creche Irmão Leonie, 80 crianças de até 5 anos bebem a água sem qualquer filtragem.

— Toda sala tem um bojão (garrafão) com um filtro — afirma a responsável pela creche, Maria Almeida dos Santos.

A secretária de Educação, Sônia Regina Diógenes Tenório, defende a qualidade da água:

— Nessa região, o fornecimento é assim devido ao colapso no abastecimento. Na licitação, os concorrentes trazem laudos, comprovando a qualidade da água. Apesar da precariedade, não temos registros de surtos de diarreia.

União diz repassar recursos a prefeituras

Para o professor da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo, Ocimar Alavarse, os exemplos são preocupantes:

— A legislação obriga a que as crianças estejam em sala de aula, mas as estamos colocando em lugares sem a infraestrutura básica, como água filtrada. Precisamos investir muito mais nas escolas, mas não pode ser qualquer investimento.

O presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Romeu Caputo, reconhece que ainda precisa ser investido mais, mas afirma que o governo federal tem conseguido reduzir os percentuais de unidades sem serviços básicos, repassando recursos às prefeituras para investimento na filtragem da água, por exemplo.

— Os índices de escolas sem infraestrutura básica eram maiores há alguns anos. No caso do semiárido, estamos investindo na construção de cisternas. A maioria das escolas sem energia e água está em áreas rurais. Temos ações específicas no Programa Luz para Todos que priorizam as escolas — afirma Caputo.
Carro: fácil comprar, caro manter
28/04/2014

José está prestes a realizar o sonho de comprar um carro novo. A despesa de manutenção do carro velho aumentou muito e, com alguma frequência, volta à oficina para um novo conserto.

O mercado de veículos está superaquecido, com ofertas e mais ofertas bombardeando os consumidores que sentem-se atraídos pela possibilidade de comprar um carro novo.

Empolgado com a possibilidade de ter um carro como aquele, e ao mesmo tempo inseguro e frustrado pela percepção de não ter dinheiro suficiente para pagar por aquele veículo precioso, José segue dirigindo pelas ruas das redondezas do bairro ouvindo o discurso convincente do vendedor que não se cansa de enumerar as qualidades e vantagens de ter um carro como aquele.

De volta à concessionária, o vendedor se apressa em dizer que o carro podia ser dele por R$ 799 mensais. José, induzido a pensar no valor da prestação que soava muito menor do que o valor total do carro, começou a acreditar que seu desejo podia se realizar. Em poucos minutos, ele estava preenchendo uma solicitação de financiamento, assinou alguns papéis, deixou o carro velho como entrada e já estava de posse de seu novo carro!

José não parou para pensar que seriam R$ 799 mensais por muitos e muitos meses, anos a fio. Ele tinha acabado de comprar um carro que custa, provavelmente, a maior parte da renda que recebe em um ano inteiro de trabalho.

A história se complica ainda mais quando adicionamos ao valor de compra as despesas anuais de IPVA (imposto do veículo), licenciamento, seguro e manutenção durante os sete ou dez anos em que ficará de posse do carro.

COMPRE À VISTA

Pensar com base no valor da prestação e deixar de planejar as demais despesas envolvidas acabou por induzir José a gastar mais dinheiro do que podia.

A situação se complica ainda mais ao comprometer recursos que não estão disponíveis e são provenientes de uma dívida contraída para essa finalidade.

A situação ideal seria acumular dinheiro suficiente para comprar um carro à vista.

Talvez não fosse o carro dos sonhos de José, mas seria o veículo que ele poderia comprar. Economizaria nos juros, no seguro, na manutenção e, aos poucos, com novas economias, viabilizaria a troca por um modelo mais completo.

CARRO USADO

Comprar um carro usado é uma boa estratégia para não gastar além de suas posses e não contrair dívida para adquirir um produto que se desvaloriza.

Não dê ouvidos ao discurso dos vendedores de que você gastará muito mais em manutenção se comprar um carro usado. Não estou recomendando a compra de um carro velho, mas de um carro usado, seminovo, em bom estado de conservação.

O preço já estará cerca de 20% depreciado e ainda será novo o suficiente para que as despesas de manutenção sejam moderadas.

Taxa de licenciamento, IPVA e seguro também serão mais econômicos.

FAÇA AS CONTAS

Calcule inicialmente as despesas anuais. IPVA de 4% do valor do carro (na cidade de São Paulo). Como o valor do seguro varia bastante de acordo com o carro e o motorista, vamos imaginar 7% de seguro. Adicione mais 2% para despesas diversas de manutenção, licenciamento e multas, totalizando 13% do valor do carro.

Supondo um carro de R$ 50 mil, o orçamento anual será de R$ 6.500, equivalentes a R$ 541 mensais.

Agora, calcule as despesas mensais.

Comece com o valor que precisa ser poupado todos os meses para pagar as despesas anuais, ou seja, R$ 541.

Adicione o valor da prestação de R$ 799, combustível, estacionamento e pedágios. Chegaremos a cerca de R$ 1.750 mensais, bem acima do valor da prestação que, no dia da compra, José imaginou que caberia no seu bolso.

Planeje antes de comprar. Calcule que percentual da renda familiar as despesas do carro representam.

Avalie se o carro é prioridade em detrimento de outros objetivos pessoais e familiares. Planejamento feito? Vá em frente!

Rico ou pobre?

SÃO PAULO - Diz-se do Brasil que é país rico quando cobra impostos, mas pobre na qualidade dos serviços oferecidos pelos governos à população. De cada R$ 100 da renda nacional, o Estado brasileiro arrecada R$ 37. Somos tão "ricos" quanto o Reino Unido nesse quesito.
O Brasil é apenas remediado, no entanto, na forma de cobrar os impostos. Ao taxar renda, lucros e ganhos de capital, obtém R$ 7 de cada centena de reais da renda nacional. Os britânicos arrecadam R$ 13.
Um meio de fazer justiça social é favorecer esse tipo de imposto, porque abate diretamente os ganhos de pessoas e empresas. Tanto melhor se o fisco taxar proporcionalmente mais a quem ganha mais.
Deveríamos ampliar a fatia dos impostos diretos sobre a renda no bolo da arrecadação, além de tornar a sua aplicação mais proporcional aos ganhos. A esquerda acerta no mérito desse debate, embora escorregue com frequência na aritmética e exagere no alcance da medida.
Taxar tanto e taxar bem são objetivos incompatíveis num país tão desigual como o Brasil. A elite é pequena para entregar aos governos R$ 2 trilhões anuais -os PIBs somados de Argentina e Colômbia-, necessários para as despesas públicas.
Recursos nesse volume apenas se conseguem pela taxação, em larga escala e indireta, da maioria mal remediada da população. O vetor redistributivo no Brasil, portanto, repousa bem mais na calibragem do gasto público que na da tributação.
O país tem canalizado parte vultosa desses gastos distributivos para idosos e pensionistas. O Estado despende R$ 12, de cada R$ 100 da renda nacional, com beneficiários da Previdência e dos sistemas de pensão de servidores públicos.
Chegou a hora de repactuar essa divisão em benefício dos mais jovens, por meio do aumento privilegiado da despesa pública na educação. Para tanto, a fatia do gasto previdenciário precisa recuar.

24 de abr. de 2014

Quanto mais igualdade, menos crimes violentos

O processo de degeneração das políticas públicas de “combate” ao crime violento no Brasil está mais do que evidente. Enxugamos gelo com toalha quente e giramos sempre em torno do mesmo ponto (mais policiais, mais viaturas, mais presídios etc.). As explicações das autoridades, quando cobradas, são sempre as mesmas (não mudam de clichê). Sempre mais do mesmo (sem nunca alterar a realidade da criminalidade). Já não bastam reformas, necessitamos de revoluções. Somente uma maior igualdade entre todos pode mudar o panorama trágico do nosso país no campo da criminalidade violenta (ou mesmo convencional ou clássica). Temos que desconfiar das ideologias consumistas, que entronizam uma vontade superior concentradora das rendas que se coloca diante das vontades inferiores, de um povo subjugado e desarmado moral e politicamente.
A política criminal que mais êxito vem alcançando no mundo todo não é a vinculada com o capitalismo selvagem e/ou extremamente desigual (Brasil e EUA, por exemplo), sim, a realizada pelos países em processo de “escandinavização”, ou seja, de capitalismo evoluído, distributivo e tendencialmente civilizado (Suécia, Noruega, Holanda, Bélgica, Islândia etc.). O que eles estão fazendo? Estão levando a sério a premissa de que sem liberdade econômica não existe liberdade política. E que condição essencial da liberdade econômica é que o humano disponha de trabalho estável, com salário digno (aumento da renda per capita), depois de ter se preparado para o mercado competitivo por meio de um ensino de qualidade.
Esses países estão revelando uma pista extraordinariamente clara no sentido de que quanto mais igualdade, menos delitos violentos. A ótica correta de enfocar o tema é a da igualdade, não a do seu oposto, da desigualdade. Porque nem sempre a desigualdade gera mais delitos. Sempre, no entanto, a igualdade produz menos crimes violentos. Os números de alguns países são impressionantes, especialmente no que diz respeito aos homicídios e roubos: [ veja a tabela aqui ]
Como os 18 países “escandinavizados” ou em processo de “escandinavização” vem conseguindo tanto triunfo na redução da criminalidade violenta? A principal tática não se resume na criação de estratégias endógenas de política criminal, sim, na conjugação da política criminal com a política econômica, que fixa uma relação saudável e sustentável entre o capital e o trabalho, que não pode nunca ser regida pela escravização (ou neoescravização) (tal como ocorre nos países de capitalismo selvagem e/ou extremamente desigual). O capital altamente civilizado nunca é uma potência opressiva e desavergonhadamente concentradora, além de alienante do trabalho, ao contrário, é a base da liberação econômica e, em consequência, política, do trabalhador.
Quanto menos igualdade, mais crimes violentos. Essa regra vale, por exemplo, para os EUA e para o Brasil (guardadas as devidas proporções entre eles). Os primeiros possuem índice Gini de 0,45 (país bastante desigual). A média do indicador Gini dos 18 países acima selecionados é de 0,31. A falta de igualdade nos EUA explicaria sua maior taxa de homicídios (quase 5 vezes mais que a média dos demais países listados) assim como a incidência maior do delito de roubo (quase o dobro dos países elencados). O Brasil é mais desigual ainda que os EUA: 85º no IDH, tem renda per capita de USD 11.340, Gini de 0,519 (0,51: país exageradamente desigual, o que significa uma altíssima concentração de renda). Resultado: 27,1 assassinatos para 100 mil pessoas, 22 mortos no trânsito para cada 100 mil, quase 600 mil presos, 274 detentos para cada 100 mil habitantes; para além de uma percepção exacerbada de corrupção (72º), é o 16º país mais violento do planeta e conta com 16 das 50 cidades mais sanguinárias do universo.
Por que o Brasil se tornou tão violento? Porque nunca soube domar o monstro do capitalismo selvagem (que aqui é fantasticamente centopéico e hecatônquiro), apresentando, em consequência, uma das políticas criminais mais desastradas e erradas do planeta (posto que alimenta continuamente a espiral da violência, da tragédia). [ Eis os nossos números aqui ]
Nossas taxas de violência desenfreada refletem um país que não cumpre nem sequer as regras mais elementares de uma nação civilizada e não alienada. Não levamos a sério até hoje que somente quando o humano alcança sua liberdade econômica é que ele pode realizar seus fins morais, de desempenhar com qualidade um bom trabalho, de se educar continuamente, de desfrutar da libre informação, da liberdade de reunião, da liberdade de autodeterminação etc. Numa democracia direta digital, onde o povo majoritário desbarbarizado é o corresponsável pelas principais decisões do país (país onde ele vive, onde ele cresce junto com sua família), torna-se prescindível a mediação onerosa e oprobriosa das classes dominantes. Marx imaginou que a luta de classes seria o caminho para a liberação e autonomia do humano. O processo de “escandinavização” está evidenciando que é o fim das distâncias enormes entre as classes que promove essa liberação e autonomia (eis um número invejável: na Islândia, 1,1 da população é muito rica, 1,5 está insatisfeita e 97% é classe média com alta renda per capita e excelente escolaridade). Sempre aprendemos que as utopias é que ampliavam nossos horizontes. Agora é o inverso: o horizonte já está aí, é ele que deve mover as nossas utopias.
Não faremos melhoras enquanto não nos conscientizarmos que a redução da criminalidade violenta está diretamente ligada à igualdade do país (escolarização de todos, aumento da renda per capita etc.) bem como ao modelo de política criminal que ele desenvolve (que deve priorizar a prevenção, em detrimento da repressão). O erro no Brasil começa que não temos políticas públicas socioeconómicas e educacionais eficazes nem sequer por aqui existe o império generalizado da lei repressiva (sempre preferimos o caminho errado da “severidade da pena” em lugar do rumo certo da “certeza do castigo”; sempre priorizamos a repressão à prevenção). Diante dessas gritantes deficiências, o poder público (com o apoio da própria população e da mídia) (a) incentiva o clima de guerra e de medo no país, (b) predispõe o cidadão para a sociedade hobbesiana (cessão de todos os direitos ao Estado), (c) edita leis penais alopradamente, (d) promove o encarceramento massivo sem critério, (e) mantém largo afrouxamento no controle dos órgãos repressivos, (f) dissemina a cultura das violações massivas dos direitos humanos e (g) desrespeita o devido processo legal e proporcional. Esse modelo fracassado de política criminal está saturado e, neste momento, apresentando nítidos e preocupantes sinais de degeneração, podendo gerar graves consequências de desagregação social.

 

22 de abr. de 2014



É melhor ser um ótimo mecânico do que um engenheiro medíocre
Esses dias eu me deparei com o processo interessante de escolha da universidade por um jovem alemão e resolvi trazer a discussão.
Estudioso e com perfil acadêmico, ele quer cursar economia.

Tem em mente uma preocupação: fazer um curso mais teórico e menos prático, desses com disciplinas em empresas e estágios.
Na Alemanha, os jovens vão para a universidade dependendo da sua aptidão.
Isso é possível porque lá os salários não variam tanto entre um mecânico e um engenheiro.
O sistema alemão sabe que é melhor garantir um ótimo mecânico do que um engenheiro medíocre.
No Brasil, a lógica é muito diferente.
Aqui um mecânico muito bom provavelmente estará se esforçando para entrar na universidade –mesmo que seja em curso de, a ver, direito.
ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS
Em terras tupiniquins dificilmente as escolhas profissionais estão ligadas a aptidões como acontece na Alemanha, mas sim a uma série de outras questões. Salário é a principal delas.
Quer um exemplo?
Alguém aqui acredita que a maioria dos brasileiros tem aptidão para “administração de empresas”?
Esse é o curso com mais matriculados no Brasil: um em cada seis estudantes universitários faz administração.
Além disso, a escolha da universidade no Brasil dificilmente passa por um critério como perfil do “curso mais ou menos prático”, como acontece na Alemanha.
MAIS MECÂNICOS
Não se trata, obviamente, de subir em um palanque contra o ensino superior. Pelo contrário.
Apenas 14% dos nossos estudantes em idade universitária (18 a 24 anos) estão em salas de aula de instituições de ensino superior. É claro que precisamos de muito mais do que isso.
Mas nem todo mundo tem aptidão para a universidade e, pior, muita gente pode estar deixando para trás aptidões preciosas –como a mecânica– para entrar em uma sala de aula em busca de melhores salários.
Quanto ganha um país em que ótimos mecânicos fazem direito?


Editorial: Brasil improdutivo


"Você começa a perder tempo no momento em que pisa no Brasil", queixou-se à publicação o empresário texano Blake Watkins, que saiu de Nova York para abrir um restaurante fast food em São Paulo.
Não é preciso deixar de ser patriota para reconhecer que o empresário tem razão. Basta atentar para o trânsito infernal, a morosidade da burocracia, o custo e a qualidade incompatíveis dos serviços –públicos ou privados.
A "Economist" não se limita a juízos de valor, e talvez por isso cause tanto incômodo. O Brasil investe só 2,2% do PIB em infraestrutura, muito abaixo da média de 5,1% no mundo em desenvolvimento. De 278 mil patentes concedidas em 2013 pelos Estados Unidos, meras 254 foram para invenções brasileiras.
O descaso nacional com a inovação, mãe verdadeira do aumento sustentável de produtividade. O Inpi (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) consome em média 10 anos e 10 meses para conceder uma patente. No campo das telecomunicações, o prazo médio está em 14 anos e 2 meses.
Entre países desenvolvidos, esse intervalo não ultrapassa três anos: nos EUA são 2 anos e 7 meses; no Japão, 2 anos e 6 meses; na China, 1 ano e 11 meses. Não é difícil compreender por que um empreendedor descartaria o Brasil como opção para sediar um laboratório de desenvolvimento de semicondutores, por exemplo.
A chave do atraso, como aponta com exatidão a revista britânica, está na produtividade.
O produto anual do trabalho de um empregado brasileiro está na casa de US$ 20 mil (calculado pela metodologia de paridade de poder de compra). Nos anos 1960, era da ordem de US$ 15 mil, maior que o obtido por sul-coreanos –os quais, hoje, produzem quase US$ 70 mil. A China, que partiu de patamar muito inferior, já nos alcançou.
Não estranha, assim, que o Brasil esteja perdendo mercado para exportações chinesas até na Argentina, sua grande parceira de Mercosul. Em 2005, a participação brasileira nas importações argentinas estava em 36,5%; no primeiro trimestre de 2014, ficou em 24,8%. No mesmo período, a China saltou de 5,3% para 18,4%.
Indignação, apenas, nada pode contra essas cifras acabrunhadoras. É imperativo convertê-la em brio, algo muito mais produtivo.