Governo, Polícia Militar e Eike Batista são alvos de mesa na Flip
'Ficar em cima do muro não é opção', diz coordenador do Fora do Eixo.
Debate sobre protestos pelo país encerrou a programação desta quinta.
Da
esq. para dir., o poeta Fabiano Calixto, o jornalista espanhol Juan
Arias, a mediadora Cristiane Costa, o escritor e diretor teatral Marcos
Vinicius Faustini, e o ativista cultural Pablo Capilé (Foto: Flavio
Moraes/G1)
Assuntos polêmicos encerraram a segunda noite da 11ª edição da Flip,
nesta quinta-feira (4). A mesa "Narrar a rua", que faz parte da
programação extra da FlipMais, contou com a participação de Marcus
Vinicius Faustini, Pablo Capilé, Fabiano Calixto e Juan Arias. O G1
transmitirá ao vivo todas as mesas da Flip 2013, tanto com áudio
traduzido (se a palestra não for em português) quanto com áudio
original.A conferência tinha objetivo de discutir as recentes manifestações no Brasil e foi incluída semanas antes do início da Flip dentro de uma programação extra sobre o tema.
Capilé, coordenador do Fora do Eixo, grupo que reúne produtores culturais alternativos no Brasil, atacou a grande mídia. Disse que a transmissão na internet de confrontos entre policiais e manifestantes em São Paulo teve audiência maior que a de grandes emissoras. Ele afirmou que um repórter de um coletivo foi enviado ao Cairo, no Egito, para cobrir os protestos pela renúncia do presidente Mursi. "Nunca antes na história do mundo houve uma plataforma que entendesse o desejo dessa geração", disse.
Faustini, criador da Agência Redes para a Juventude (que cuida de projetos culturais na periferia), conta que está preparando um filme sobre uma história de amor nas passeatas e criticou o termo "O gigante acordou".
Faustini ainda criticou a ex-ministra da Cultura Ana de Hollanda, por, segundo ele, abandonar a agenda social durante sua gestão na pauta. Também atacou o governo e o empresário Eike Batista pela privatização do Maracanã e a Polícia Militar pelos casos de abusos nas favelas. "A polícia está despreparada para a democracia nesse país. É um absurdo ela entrar matando nas favelas. Temos que mudar e extinguir a polícia no Brasil".
Dilma Rousseff também foi tema da discussão. Capilé afirmou que a presidente está com dificuldade em entender o que está acontecendo no país, assim como a juventude dos partidos. "Caiu um monte de ficha no chão e está todo mundo catando. Ficar em cima do muro hoje não é uma opção. O Brasil tem o papel fundamental de apresentar uma nova estética de se fazer política no século 21".
Já Calixto conta que teve a ideia de organizar o e-book "Vinagre: Uma antologia de poetas neobarracos" no dia 13 de junho, quando houve violência durante uma manifestação em São Paulo. "Fiz uma chamada pública no Facebook e li 170 poetas para a antologia. A grande mídia caracterizou as pessoas de vândalas e resignificamos isso para o bom sentido. A poesia já é uma forma de resistência", disse.
Arias, correspondente do jornal espanhol "El País", que está há 14 anos no Brasil e comparou o país a um adolescente rebelde em um artigo, disse que "faltava algo para ser protagonista". "Os brasileiros não estão protestando pelo que tiraram deles, mas pelo que eles não têm, e estão fazendo perguntas ao poder", disse. O espanhol ainda afirmou que "o grande jornalismo está nas redes sociais".
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