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27 de jun. de 2013
Senado aprova texto que torna corrupção crime hediondo
Os senadores agora discutem a proposta que destina os royalties do petróleo para a educação
O Dia
Brasília - O projeto de Pedro Taques (PDT-MT),
que transforma a corrupção em crime hediondo, repousava no Senado desde
2011. Mas só depois dos protestos e do pronunciamento da presidenta
Dilma Rousseff em rádio e TV (na segunda-feira), a Casa decidiu
aprová-lo. A corrupção equivalerá, portanto, a extorsão mediante
sequestro, a homicídio cometido por grupos de extermínio e a estupro de
crianças.
Grupo de manifestantes faz passeata na Avenida Rio Branco, Centro do Rio. Fim da impunidade é uma das demandas da populção
Foto: Fernando Souza / Agência O Dia
Em seu discurso, Dilma foi clara ao
exigir “uma nova legislação que classifique a corrupção dolosa como
equivalente a crime hediondo, com penas muito mais severas.”
O projeto aprovado seguirá para a Câmara e, se
passar sem emendas, irá à sanção da presidenta. O texto sugere alteração
no Código Penal que aumenta a punição do crime de concussão (usar o
cargo para exigir vantagem indevida) para quatro a oito anos de reclusão
e multa.
Nos casos de corrupção passiva (solicitar ou
receber vantagem indevida em razão da função) e corrupção ativa
(oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público), a pena
passa de dois a 12 anos de reclusão para quatro a 12 anos, além de
multa.
“No crime de corrupção, você não pode identificar
quem são as vítimas. A ideia é protegê-las por meios jurídicos. Mas,
para isso, precisamos que os processos caminhem mais rapidamente, até
para a absolvição de quem não tem nada a ver com isso. O político também
será afetado por essa mudança na lei, porque, apesar de não ser a
quantidade da pena que impeça o cometimento de crime, esse também é um
dos caminhos”, argumentou ontem o autor do projeto.
Na Câmara, a Comissão de Constituição, Justiça e
Cidadania aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acaba
com o voto secreto nas votações para perda de mandato. O texto precisa
passar ainda por uma comissão especial no Senado e ser votado em dois
turnos nas duas Casas. Deputado vai para a cadeia
No mesmo dia em que o Senado deu um passo para
punir corruptos mais severamente, o Supremo Tribunal Federal decretou a
prisão do deputado Natan Donadon (PMDB-RO). O parlamentar foi condenado
em 2010 a 13 anos, quatro meses e dez dias por formação de quadrilha e
peculato (crime praticado por funcionário público contra a administração
que também poderá virar crime hediondo). A Câmara instaurou processo
para cassar o mandato de Donadon. ESPECIALISTAS ACHAM QUE É SÓ O COMEÇO
A decisão do Senado de transformar a corrupção em
crime hediondo foi recebida com reservas no mundo jurídico. Para os
críticos, a futura lei pode não ter a eficâcia esperada pela população.
“É apenas jogar para a galera”, reprova o criminalista Luiz Flávio
Gomes. Ele sustenta que a vitória contra o aumento das passagens, sim, é
concreta. “Os R$ 0,20 são reais. Esse aumento de pena não vai mudar a
realidade. A maior punição para o corrupto seria o empobrecimento com a
devolução do dinheiro jogado na Saúde e Educação”, analisa Gomes,
observando que, desde 1940, o Código Penal foi alterado 136 vezes.
Pela proposta, os crimes de corrupção passam a
ser inafiançáveis e, se condenado, o autor só terá direito a progressão
de regime após cumprir 40% da pena, o equivalente a 2/5. “Nunca se
comprovou que o aumento de pena reduz prática de crime. Esse lei só foi
aprovada no Senado por causa do momento político. As pessoas estão indo
às ruas clamar pelo combate à corrupção. Mas, na prática, nada será
alterado”, avalia advogada Fernanda Tórtima.
Para o jurista Antônio Gonçalves, o Senado criou
uma “lei midiática”, com base no clamor popular. “Na prática, não vai
funcionar. É o que chamamos de Direito Penal Midiático”, opina
Gonçalves. Especialistas ressaltam que é preciso investigação séria.
“Um processo criminal é muito lento. Então, mudar
só a legislação é ilusório. A pena mínima de quatro anos pode ser
substituída por medidas restritivas de direito”, arrematou Gomes.
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