Pão é o novo vilão do bolso
Limitação para importar trigo faz produto encarecer. Massas e biscoitos também sobem
Rio - A decisão do governo argentino de
suspender as exportações de trigo e a cotação do dólar ainda em alta
mexeram com o preço de um produto que o carioca adora consumir. O
pãozinho está mais caro nas padarias e o impacto na inflação será
sentido nos índices de junho e julho. Segundo André Braz, economista da
Fundação Getulio Vargas (FGV), o quilo do pão fechará este mês com
correção de 10%. Em julho ainda haverá reflexo, com o consumidor pagando
mais caro pelo francês.
“Nos últimos 12 meses até maio, houve
alta de 7,36% no preço do pãozinho. Na última semana de junho o aumento
praticamente triplicou. Isso pode levar o índice a 10% este mês. Julho
também ainda sentira o impacto”, avalia o especialista da FGV. Ele
ressalta que massas e biscoitos também serão afetados de maneira
gradual.
Braz defende que seria a hora de o governo adotar
medidas para incentivar a produção de trigo no país, que ainda importa
boa parte do produto que a população consome. Ele lembra que o feijão
teve o imposto de importação zerado em um esforço para conter a alta dos
preços. “Diante de um cenário de incertezas, desonerar o setor de trigo
seria uma boa medida”, reforça o especialista.Economista da Embrapa, Cláudia de Mori afirma que que Brasil e outros países serão afetados pelo período crítico de entressafra e estoques pequenos que resultam em alta de preço do trigo. Ela afirmou que o país deve continuar sofrendo com a falta do cereal argentino pelo fato de o governo vizinho manter o controle da demanda interna permitindo ou não a exportação.
Consumidor freia compra na padaria
O consumidor sente no bolso o custo elevado do pãozinho francês, motivando a redução do consumo. O comerciante Carlos Roberto França, 55 anos, reclama que o produto deveria estar mais barato por ser um item básico. “Mas está cada vez mais caro”, diz.
O secretário-geral do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias de Panificação e Confeitaria do Rio, Carlos Jorge Silva, afirma que as padarias repassaram para o preço do pão o aumento salarial que os funcionários tiveram. “O reajuste de 7,5% também pesa na produção”, explica.
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