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8 de abr. de 2013

‘Eram os bons contra os maus’

CSN - 20 anos da privatização

"O processo de privatização era necessário. O Estado não tem capacidade de gestão e a situação da CSN era lastimável". A afirmação é de Luiz Albano, outro integrante da diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos sobre a guinada de um grupo a favor da transferência do controle acionário da siderúrgica para a iniciativa privada. Antes descrito como sindicalista radical, Albano cita um exemplo para resumir em que havia se transformado a CSN no final dos anos 1980: "A área de compras da empresa era chamada de departamento de roubos e furtos".

Na sua visão, a CSN e a RFFSA (Rede Ferroviária Federal) disputavam, naquela época, um páreo duro em descalabros. "A prova recente está aí: a China cancelou um contrato de compra de soja brasileira devido ao gargalo do país em infraestrutura", disse, para citar mais um exemplo da ineficiência do Estado.

Albano não deixa de reconhecer, porém, ter havido "equívocos" no processo de privatização. Para ele também, os trabalhadores poderiam ter assumido o controle da CSN. "O problema é que éramos totalmente despreparados, analfabetos em termos de economia", afirmou, para depois lamentar a dicotomia que existiu nas discussões: "Os meios sindical e político, bem como o clero, ficaram debatendo quem era contra e quem era a favor. Enquanto isso, o barco passou. Todo mundo que era contra não quis discutir e assim foi vendido o CNPJ da empresa, com todos os seus ativos e não só a usina de aço".

Depois de vinte anos, avalia Albano, é fácil falar o que poderia ter sido feito de diferente em benefício da cidade, mas, naquela época, era muito mais uma briga política do que qualquer outra coisa: "De um lado estavam os bonzinhos, que eram contra. Do outro, os maus, porque estavam a favor".

Com seu estilo direto, Albano critica aqueles que reclamam do presidente da CSN por não doar terras para a cidade se desenvolver. "Quem reclama do Steinbruch? Não vejo nenhum acionista reclamando. O governo, através do BNDESPar, é sócio da CSN e também não reclama. Isso significa que os acionistas o veem como um grande gestor. Além do mais, não vejo ninguém dando nada pra ninguém. Se alguém tem interesse em investir na cidade, por que não faz uma oferta à CSN pelas terras?".

MÁ GESTÃO – Prefeito de Volta Redonda que assumiu justamente no ano em que a empresa foi vendida, o hoje vereador Paulo Baltazar também afirma que a CSN era um "mau exemplo de gestão", embora não fosse um mau negócio. "A empresa era mal utilizada, estava a serviço de alguns grupos, mas a forma de privatizá-la não deveria ter sido aquela, que provocou um grande ônus social para a cidade. Isso deveria ter sido levado em conta".

O governo federal, diz Baltazar, deveria ter revertido o que entrou em dinheiro em medidas ambientais e sociais, o que, por não ter sido feito, trazem reflexos até hoje para a cidade. "Privatizada, a CSN produziu mais e se tornou mais lucrativa, gerando mais impostos", disse ele sobre o lado positivo.

Baltazar nega que não tenha tentado discutir a questão social no processo de privatização: "Tentei falar com o presidente Itamar Franco e não consegui. Nem o governador (Brizola) ele recebeu. Sequer com a questão ambiental ele concordou. O assunto só foi incluído porque houve uma liminar".

Baltazar concorda que o ambiente conflituoso das privatizações impediu que o processo fosse analisado com mais serenidade: "Seria possível num clima menos conturbado. O processo era irreversível por conta da determinação do governo Itamar de vender a CSN e as consequências para a cidade acabaram como um apêndice da discussão ideológica".

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