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30 de nov. de 2012

Manifestantes impedem palestra sobre Intentona Comunista

Políticos, sindicalistas e estudantes impediram, na noite da quarta-feira, a realização de uma palestra seguida de debate sobre a Intentona Comunista de 1935 (também conhecida como Levante Comunista contra o governo de Getúlio Vargas), que seria realizada na Câmara de Volta Redonda. Cerca de 40 pessoas entraram no plenário e gritaram palavras de ordem contra o evento, sob a alegação de que o debate seria “uma homenagem a militares que mataram comunistas”.

Organizado pelo coronel da reserva  Dylson dos Santos, irmão do já falecido ex-prefeito Benevenuto dos Santos Neto, o debate estava marcado para 20 horas. Os manifestantes só deixaram o plenário cerca de duas horas depois, quando o organizador decidiu pelo cancelamento. “Vamos fazer numa outra oportunidade, em outro local. Não é um ato contra a democracia”, disse o coronel, declarando-se surpreso com a manifestação.

Dylson explicou que o debate faz parte do “Brado Retumbante”, um movimento que, segundo ele, visa a reverter “a falta de ética e de civismo no país”. Na entrada, os participantes eram convidados a assinar um termo de adesão ao movimento. No plenário, havia um cartaz listando 28 militares mortos na Intentona Comunista de 1935.

Entretanto, até meia hora depois do horário marcado para o início, havia pouquíssimas pessoas na Câmara. Além do organizador, apenas o presidente da Câmara de Volta Redonda, Jair Nogueira (PV), que foi muito xingado pelos manifestantes, o ex-prefeito Marino Clinger, o empresário Antônio Cardoso e o coronel da reserva Carlos Roberto Peres, representando o comandante da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), general Júlio César de Arruda. Peres, no início dos protestos, não conseguiu disfarçar o constrangimento.

Ao deixar a Câmara, no entanto, ele minimizou o ocorrido. “Vejo (a manifestação) como uma expressão democrática. Pena que o coronel Dylson não pôde apresentar seu projeto, mas democracia é isso”, declarou, ressaltando ainda que o protesto partiu “de um grupo pequeno”.

Antes mesmo de o evento ser iniciado, um caminhão de som do Sindicato dos Metalúrgicos foi estacionado em frente à Câmara, executado a Internacional Socialista. Entre os manifestantes estavam as professoras Maria das Dores Motta, a Dodora (PSOL) e Isabel Fraga (PSTU), que disputaram este ano a prefeitura de Volta Redonda, além de vários integrantes do PCdoB, o ex-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Marcelo Felício, e estudantes do Diretório Unificado de Ciências Humanas e Sociais da UFF (Universidade Federal Fluminense).

Todos condenaram o ato, que classificaram de “deboche”, ainda mais pelo fato de ter sido em Volta Redonda que três operários da CSN morreram em confronto com soldados do Exército, na greve de 1988, que completou 24 anos no último dia 9. “Este coronel  Dylson escreveu um texto defendendo que os militares se unissem contra a presidente Dilma, pois consideram que a Comissão da Verdade é uma afronta”, disse Júlio César Alves, do PCdoB.

Gritando palavras de ordem (“Não à ditadura, a farsa e a tortura”), os manifestantes ocuparam o plenário e por diversas vezes chamaram os militares de “assassinos” e bateram boca com Dylson, Jair Nogueira e Clinger, que era prefeito do PDT de Leonel Brizola quando ocorreu o confronto entre trabalhadores da CSN e o Exército em Volta Redonda.

- Tem uma série de coisas acontecendo no país que são preocupantes, como a tentativa de voltar a com Arena (Aliança Renovadora Nacional, partido que apoiava o governo militar) e agora somos surpreendidos com este ano. Nada é isolado. Queremos a democracia – disse Dodora, que é também dirigente na cidade do Sepe (Sindicato Estadual de Profissionais de Educação).

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