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2 de ago. de 2012

A trajetória de César Lattes

Nascido em 11 de julho de 1924, em Curitiba, Cesar Lattes era filho de imigrantes italianos. Formou-se Física pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, aos 19 anos. Considerado um aluno brilhante por seus professores, foi convidado a trabalhar em um grupo de jovens físicos brasileiros na Europa. Na Inglaterra, demonstrou ser um grande pesquisador de campo, trabalhando ao lado de Gleb Wataghin e Giuseppe Occhialini, grandes nomes da Física.
Incentivado pelo gosto da pesquisa de campo, entre 1947 e 1948, Lattes permanece nos Andes bolivianos realizando experiências com chapas fotográficas para a verificar a ação dos raios cósmicos. Foi com esses experimentos que ele descobriu a existência da méson pesado, ou méson pi, partícula subatômica que mantém unidos e estáveis os prótons e os neutros do núcleo do átomo.
Assim, Lattes levou as chapas com a descoberta à Inglaterra, calculou a massa do “méson pi” e publicou um estudo, cujos artigos despertaram grande interesse internacional a respeito de um estudo científico brasileiro.
No ano seguinte, com 24 anos de idade, trabalhando com seu colega norte-americano Eugene Gardner (1913-1950) no acelerador de partículas da Universidade da Califórnia, Lattes conseguiu produzir artificialmente o meson pi. Este elemento estava sempre sendo produzido no acelerador mas, ainda não tinha sido medido ou não sabiam fazê-lo. Segundo seu ex-professor Occhialini, a importância desse feito científico deveria garantir a Lattes um lugar na história da física
A descoberta da partícula subatômica méson pi foi ganhadora do Nobel de Física de 1950, mas, infelizmente, o seu nome foi omitido da premiação. As honras foram dadas ao físico que apenas redigiu e assinou sozinho a publicação do trabalho.

De volta para casa

Cesar Lattes retorna ao Brasil, após as suas descobertas nos anos 40. Foto do arquivo pessoal de Lattes
De volta ao Brasil, em 1948, Cesar Lattes foi um dos fundadores do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), no Rio de Janeiro. Em 1951, foi convidado pelo presidente da República para ajudar na criação do Conselho Nacional de Pesquisa (CNPq), criado em 15 de janeiro.
Depois de uma temporada nos Estados Unidos, em 1957, ele fundou na USP um laboratório para estudos de interações a altas energias na radiação cósmica. Em 1969, dirigindo uma equipe de físicos brasileiros e japoneses, determina a massa das bolas de fogo, fenômeno decorrente do choque de partículas subatômicas com energia muito alta.
Recebeu, em 1978, da Organização dos Estados Americanos (OEA), o Prêmio Bernardo Houssay pela sua contribuição ao progresso da física na América Latina. Lecionou na Universidade de São Paulo (USP) e na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em janeiro de 1994 aposenta-se da Universidade de Campinas (Unicamp), onde ministrava um curso sobre a estrutura da matéria e das radiações.
César Lattes foi considerado o nosso herói da “Era Nuclear” do pós-guerra. Por duas vezes chegou perto do prêmio Nobel de Física. César Lattes faleceu no dia 9 de março de 2005, às 15h40, no Hospital das Clínicas da Unicamp, vítima de parada cardíaca aos 80 anos de idade.
Em sua homenagem, o CNPq batizou o sistema utilizado para cadastrar cientistas, pesquisadores e estudantes como o nome de Plataforma Lattes. A Plataforma Lattes é uma base de dados de currículos e instituições das áreas de Ciência e Tecnologia (C&T). O Currículo Lattes registra a vida profissional dos pesquisadores sendo elemento indispensável à análise de mérito e competência dos pleitos apresentados, atualmente, a quase todas as agências de fomento no Brasil.

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