Multas de carros oficiais de deputados do Rio somam R$ 164 mil desde 2012
Digamos que um carro oficial de um deputado estadual fosse flagrado
por uma câmera a uma velocidade superior a 50% da permitida. Valor da
multa: R$ 574,62. Pergunta: quem pagaria a conta? O contribuinte. Pois
é. Escorados na certeza do ônus alheio, os parlamentares e seus
motoristas vêm colocando o pé no acelerador quando o assunto é infração
nas estradas. Levantamento feito pelo EXTRA no banco de dados do Detran
mostra que, desde 2012, a Assembleia Legislativa pagou, R$ 164 mil em
multas de trânsito relativas aos 70 carros principais dos gabinetes. A
média foi de duas multas pagas por dia.
O montante em dinheiro daria para pagar o salário de um trabalhador que recebe o mínimo nacional (R$ 678) por mais de 20 anos. Em vez disso, o contribuinte — inclusive o assalariado — acabava arcando com uma parte da conta. Já o deputado, que ganha R$ 20.042,35 de salário bruto, ficava isento do próprio erro — ou do erro do seu motorista.
Esta semana, os deputados passarão a ser descontados pelas multas que os carros sob sua responsabilidade cometeram. Será a primeira vez na história da Alerj. Um documento ao qual o EXTRA teve acesso mostra que 27 deputados que ocupam ou ocuparam uma cadeira na Alerj nesta legislatura sofrerão cortes em seus contracheques. O montante: R$ 93 mil — ou 23% do que a Alerj pagou de multas relativas aos últimos cinco anos (cerca de R$ 400 mil). Procurada, a Casa promete cobrar todo o montante, inclusive de deputados de outras legislaturas, através da Justiça, com inclusão na dívida ativa.
— Eu defendo demais o direito do parlamentar de ter todos os instrumentos de trabalho. O carro é um instrumento de trabalho. Mas não nos dá o direito de fazer o que é proibido para as outras pessoas — diz o presidente da Alerj, Paulo Melo.
Dos salários pagos este mês, serão abatidas 433 multas. Mas os deputados só podem ser descontados em até 20% dos seus salários. Aqueles parlamentares que tiverem débitos acima disso sofrerão descontos mensais. Entretanto, em alguns casos, os parlamentares indicaram motoristas como infratores.
Edino deve R$ 62 mil
Polêmico por suas posições conservadoras na Alerj, o deputado Edino Fonseca (PR) é o campeão de multas da Casa. O Detran pagou, desde o ano passado, R$ 62 mil em multas do carro placa LKQ9379 — veículo chapa branca sob sua responsabilidade. Uma das infrações mais frequentes de todas é excesso de velocidade. São 196 multas em todo o estado. Não é à toa que Edino terá que devolver aos cofres da Assembleia 17 parcelas de R$ 3.859,59 — R$ 3 mil a mais do que o EXTRA apurou.
Procurado, Edino disse que não aceitará os descontos. Afirmou que seus motoristas são responsáveis pelas multas e que cabe a eles pagarem. Informou ainda que os funcionários já estão sendo descontados em seus contracheques. O EXTRA pediu os comprovantes, mas o deputado não autorizou.
O fato é que nas 196 multas que serão descontadas de Edino, em nenhuma ele apresentou um “real infrator” diferente. Houve casos, como o da deputada licenciada Cidinha Campos (PDT), em que ela apontou outros funcionários em seis das sete multas que seu veículo levou.
— Se for cobrado, vou entrar na Justiça. Eu não posso ser responsável, quando ele (um motorista seu) deixa o gabinete e vai fazer um serviço fora e fura o sinal. Não posso ver — disse Edino, alegando que não mandou embora porque os funcionários precisam pagar os débitos.
— Eu não estava no carro em nenhum desses casos das multas. O que posso fazer? Ele me deixa em casa e sai furando sinais — afirmou.
O EXTRA constatou que, pelo menos, 12 multas na cidade do Rio aconteceram no fim de semana.
Outros mais multados
Pelo menos outros três deputados do Rio chamam atenção pela farta quantidade de infrações cometidas. A Alerj pagou 141 multas no Detran relacionadas ao deputado Marcos Abrahão (PT do B). Isso dá R$ 14 mil. Átila Nunes (PSL) tem em seu carro oficial R$ 13 mil em infrações. Já o automóvel oficial usado pelo deputado Edson Albertassi (PMDB) soma 58 registros no Detran (R$ 7.400). Na Secretaria municipal de Transportes, o veículo dele registra 114 multas (R$ 11 mil), algumas ainda em fase de recurso.
O EXTRA tentou falar ontem com os três deputados, mas eles não foram encontrados. Este mês, Átila Nunes, Marcos Abrahão e Edson Albertassi sofrerão descontos.
O montante em dinheiro daria para pagar o salário de um trabalhador que recebe o mínimo nacional (R$ 678) por mais de 20 anos. Em vez disso, o contribuinte — inclusive o assalariado — acabava arcando com uma parte da conta. Já o deputado, que ganha R$ 20.042,35 de salário bruto, ficava isento do próprio erro — ou do erro do seu motorista.
Esta semana, os deputados passarão a ser descontados pelas multas que os carros sob sua responsabilidade cometeram. Será a primeira vez na história da Alerj. Um documento ao qual o EXTRA teve acesso mostra que 27 deputados que ocupam ou ocuparam uma cadeira na Alerj nesta legislatura sofrerão cortes em seus contracheques. O montante: R$ 93 mil — ou 23% do que a Alerj pagou de multas relativas aos últimos cinco anos (cerca de R$ 400 mil). Procurada, a Casa promete cobrar todo o montante, inclusive de deputados de outras legislaturas, através da Justiça, com inclusão na dívida ativa.
— Eu defendo demais o direito do parlamentar de ter todos os instrumentos de trabalho. O carro é um instrumento de trabalho. Mas não nos dá o direito de fazer o que é proibido para as outras pessoas — diz o presidente da Alerj, Paulo Melo.
Dos salários pagos este mês, serão abatidas 433 multas. Mas os deputados só podem ser descontados em até 20% dos seus salários. Aqueles parlamentares que tiverem débitos acima disso sofrerão descontos mensais. Entretanto, em alguns casos, os parlamentares indicaram motoristas como infratores.
Edino deve R$ 62 mil
Polêmico por suas posições conservadoras na Alerj, o deputado Edino Fonseca (PR) é o campeão de multas da Casa. O Detran pagou, desde o ano passado, R$ 62 mil em multas do carro placa LKQ9379 — veículo chapa branca sob sua responsabilidade. Uma das infrações mais frequentes de todas é excesso de velocidade. São 196 multas em todo o estado. Não é à toa que Edino terá que devolver aos cofres da Assembleia 17 parcelas de R$ 3.859,59 — R$ 3 mil a mais do que o EXTRA apurou.
Procurado, Edino disse que não aceitará os descontos. Afirmou que seus motoristas são responsáveis pelas multas e que cabe a eles pagarem. Informou ainda que os funcionários já estão sendo descontados em seus contracheques. O EXTRA pediu os comprovantes, mas o deputado não autorizou.
O fato é que nas 196 multas que serão descontadas de Edino, em nenhuma ele apresentou um “real infrator” diferente. Houve casos, como o da deputada licenciada Cidinha Campos (PDT), em que ela apontou outros funcionários em seis das sete multas que seu veículo levou.
— Se for cobrado, vou entrar na Justiça. Eu não posso ser responsável, quando ele (um motorista seu) deixa o gabinete e vai fazer um serviço fora e fura o sinal. Não posso ver — disse Edino, alegando que não mandou embora porque os funcionários precisam pagar os débitos.
— Eu não estava no carro em nenhum desses casos das multas. O que posso fazer? Ele me deixa em casa e sai furando sinais — afirmou.
O EXTRA constatou que, pelo menos, 12 multas na cidade do Rio aconteceram no fim de semana.
Outros mais multados
Pelo menos outros três deputados do Rio chamam atenção pela farta quantidade de infrações cometidas. A Alerj pagou 141 multas no Detran relacionadas ao deputado Marcos Abrahão (PT do B). Isso dá R$ 14 mil. Átila Nunes (PSL) tem em seu carro oficial R$ 13 mil em infrações. Já o automóvel oficial usado pelo deputado Edson Albertassi (PMDB) soma 58 registros no Detran (R$ 7.400). Na Secretaria municipal de Transportes, o veículo dele registra 114 multas (R$ 11 mil), algumas ainda em fase de recurso.
O EXTRA tentou falar ontem com os três deputados, mas eles não foram encontrados. Este mês, Átila Nunes, Marcos Abrahão e Edson Albertassi sofrerão descontos.
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