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18 de abr. de 2013

Lobista envolve líder do governo Dilma em esquema de corrupção
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MARIO CESAR CARVALHO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DE SÃO PAULO

O líder do governo DIlma Rousseff na Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), é apontado por um lobista apanhado em operação da Polícia Federal como responsável por direcionar verbas para empresas que financiavam candidatos do PT.
Além disso, um ex-chefe de gabinete de Chinaglia, identificado como Eli, é citado como intermediário de uma reunião na qual a empreiteira Leão Leão buscaria recursos do BNDES. Em troca da verba, a empreiteira apoiaria a campanha de um assessor de Chinaglia, o Toninho do PT, em Ilha Solteira (SP).
Sérgio Lima - 13.mar.12/Folhapress


Chinaglia aparece em escutas da Operação Fratelli, do Ministério Público Federal e do Estadual. Os alvos da operação são fraudes em licitações que somam R$ 1 bilhão em dinheiro federal.
As verbas, oriundas de emendas parlamentares, eram dos ministérios das Cidades e do Turismo.
Nas escutas telefônicas há menções a três deputados do PT na operação: além de Chinaglia, Cândido Vacarezza e José Mentor.
Os petistas são autores das emendas sob suspeita. Todos dizem que não têm ligação com as supostas fraudes.
O procurador Thiago Lacerda Nobre vai encaminhar os trechos da investigação sobre Chinaglia ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Também serão enviadas as menções a Vacarezza e Mentor.
CAMPANHA
O suspeito que cita Chinaglia é Gilberto Silva, também conhecido como Zé Formiga, acusado pela polícia de ser "lobista do PT", segundo os documentos obtida pela Folha.
Silva, que ficou uma semana preso, foi monitorado pela polícia e, de acordo com o relatório das investigações, acompanhou Chinaglia em "campanhas eleitorais, principalmente na captação de dinheiro junto a empresários que pudessem se beneficiar de seus candidatos apadrinhados".
O lobista afirma numa conversa telefônica de outubro de 2012, sem se referir a nomes, que o autor da emenda indicará à prefeitura a empresa que fará a obra contemplada pela verba que liberou. "Tem de aceitar quem vai executar a obra por indicação de quem arrumou a emenda".
Noutra conversa, ele relata que Chinaglia "vai ter R$ 50 milhões de emendas extraparlamentares prometidos pela presidente Dilma porque ele é líder dela na Câmara".
Na sequência, ele conta, segundo a PF, "que o deputado [Chinaglia] lhe falou que em cidade pequena podem ser colocadas emendas de R$ 130 mil ou até R$ 140 mil, e daí foge da licitação".
O próprio Silva diz ser petista. Em setembro do ano passado, contou: "Eu estou aguardando um assessor do Arlindo Chinaglia, porque eu trabalho com eles, eu faço parte do PT".
Noutro telefonema, ele cita que esteve em São José do Rio Preto com Chinaglia e o assessor Toninho, hoje vereador em Ilha Solteira.
As obras eram sobretudo de recapeamento asfáltico, chamadas pelos investigados de "chão preto".
Os promotores reproduziram a fala de Silva ao usar a metáfora para asfalto.
"O Toninho e o Arlindo teve comigo sábado à tarde. Rapaiz do céu, se ocê vê o que ele tem de chão preto, já tá tudo na mão".
OUTRO LADO
O deputado federal Arlindo Chinaglia (PT-SP) afirmou ontem que ele própio pretende propor a abertura de inquéritos na Procuradoria-Geral da República e na Polícia Federal sobre o caso, porque é "o maior interessado" em esclarecer os fatos.
Chinaglia disse que não conhece Gilberto da Silva e que, se alguém de seu gabinete tentou intermediar interesses de empresas no BNDES, foi sem seu conhecimento.
Disse ainda que o ex-chefe de gabinete citado na operação foi demitido e hoje trabalha em outro gabinete do PT.
Cândido Vaccarezza (PT-SP) afirmou que nunca manteve qualquer tipo de relação com os fatos da operação.
José Mentor (PT-SP), que recebeu R$ 550 mil em doações eleitorais das empresas de um dos investigados, Olívio Scamatti, disse ter "contatos esporádicos" com o empresário.

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