De olho nos melhores, empresas buscam profissionais na universidade
Estudante de engenharia civil será efetivada logo após colação de grau.
Empresas procuram coordenadores dos cursos que indicam os alunos.
Ainda que a baixos níveis, o crescimento do país faz com as empresas enxerguem nas universidades uma opção para recrutar novos profissionais, principalmente, quando se fala das áreas de tecnologia da informação e engenharia. É cada vez mais comum os professores indicarem diretamente para as empresas os melhores alunos. Estes não conhecem a angustia e a insegurança da busca pelo primeiro emprego.
“Nossa, eu me sinto muito aliviada”, contou Patrícia Cesnik da Silva, de 25 anos, que se torna engenheira civil no fim de abril pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Hoje é estagiária em uma empresa de Curitiba e em 26 de abril será a colação de grau. Já no dia 1º de maio ela será efetivada como engenheira.
“É uma sensação de trabalho bem feito. A gente, aqui no estágio, ou você encara a realidade e tenta fazer o melhor, com respeito e a ajuda dos colegas, ou vem aqui e brinca. Eu trabalhei bastante. Nas férias eu vinha e ficava o dia inteiro trabalhando”, lembrou.
O processo de seleção da Patrícia iniciou em uma troca de e-mail entre a empresa e os coordenadores do curso. Ao G1, ela explicou que existia um grupo de e-mail dos alunos do curso e que os coordenadores avisaram a existência de vagas de estágio na empresa onde Patrícia trabalha. Depois de um ano e meio, ela recebeu a boa notícia. Outros dois estagiários também concorriam à vaga. “Eles fizeram uma aposta, pelo trabalho que eles já viram”, avaliou Patricia. Nem por isso a dedicação vai diminuir. Ela acredita que agora deve trabalhar ainda melhor para
Aqui no estágio, ou você encara a realidade e tenta fazer o melhor, com respeito e a ajuda dos colegas, ou vem aqui e brinca"
Patrícia Cesnik da Silva, universitária
Patrícia considera que um bom estágio representa 50% do caminho para conseguir um bom emprego cedo. E ela dá a dica para quem esta prestes a entrar o mercado de trabalho. “Dedicação. Eu acho que a dedicação e a vontade de aprender, humildade para saber escurar as orientações que são passadas, ser comunicativa e ser atenta às novidades em relação a cursos, e ao que o próprio estágio tem para oferecer, seja no quesito técnico quando no relacionamento com os demais profissionais”.
O bom desempenho durante a universidade também é destacado pela futura engenheira. Ela disse que sempre foi muito dedicada e que tinham bons resultados nas avaliações. Segundo Patrícia, o mesmo aconteceu com outros colegas de curso. “Acontece muito. Tem muita proposta de emprego, tem gente que entra como assistente e depois vira engenheiro”, acrescentou.
Na hora de indicar um aluno, inevitavelmente, o desempenho que ele teve durante todo o curso é o que mais pesa. “É a melhor maneira de aferir o aluno. O fator nota pesa e pesa muito”, explicou o diretor do Setor de Tecnologia da UFPR Marcos Antônio Marino. Aqueles alunos que desenvolvem trabalhos junto aos professores também podem ser favorecidos. Neste caso, conforme Marino, porque o professor passa a conhecer um pouco mais a personalidade do aluno e sabe quando ele se encaixa ou não no perfil pedido pela empresa em determinada vaga.
A frente do setor de tecnologia, Marino percebeu que esta procura direta se intensificou nos últimos anos. “Não era tanto como agora, o mercado era abundante. O próprio mercado supria as empresas, com mão de obra suficiente”. Para o professor, esta mudança no cenário está ligada diretamente à economia. Ele também acarreta à necessidade de mais engenheiro às obras dos Programas de Aceleração do Crescimento (PAC), do Governo Federal. “Existe aquela famosa frase: se o país vai bem, a engenharia vai bem”.
O coordenador do curso de engenharia mecânica da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) compartilha a ideia de que o momento político-econômico do Brasil favorece os bons estudantes. Ele cita ainda os estágios como uma boa forma de garantir uma vaga no mercado de trabalho. Segundo ele, diversos alunos da universidade vão para as empresas fazer estágio e são efetivados antes de terminarem o curso. Em seguida, quando colam grau e adquirem o registro profissional são reenquadrados.
Assim como vai ocorrer com o aluno do curso de engenharia mecânica da UTFPR Daniel de Bassi Bernardes, que termina a graduação no final deste ano. Após um período de estágio, ele foi contratado como técnico na empresa onde trabalha e assim que concluir o curso, terá o emprego como engenheiro garantido.
“Você sai da faculdade com a tranquilidade de estar encaminhado. Por mais que não dure muito, a experiência vai facilitar o novo emprego. A experiência conta bastante, o alivio é mais por isso”, afirmou o estudante.
Daniel participou do Projeto Fórmula SAE nos anos 2009 e 2010. (Foto: Arquivo pessoal)Daniel participou do Projeto Fórmula SAE nos anos 2009 e 2010. Do lado esquerdo a equipe da UTFPR
Ele destaca o perfil de cada estudante como fator decisivo para um estágio bem sucedido e em seguida a conquista de um emprego. Há ainda o envolvimento em atividades extraclasse. Daniel participou do Projeto Fórmula SAE, na equipe da UTFPR, nos anos de 2009 e 2010. O projeto reúne estudantes de diferentes regiões do país para desenvolverem protótipo monoposto de corrida. O melhor projeto, com melhor desempenho nas diferentes etapas, vence. De acordo com Daniel, este projeto tem credibilidade diante das empresas. Ele acredita que ter participado também contribuiu para conseguir o emprego.
“Na verdade, muitos dos conhecimentos da faculdade não são aplicados. A faculdade de engenharia ensina a pensar”, comentou Daniel. Ele explica que vai da habilidade de cada um a aplicação técnica no ambiente de trabalho. Ainda tem mais um ingrediente nesta receita: gostar da profissão. “É uma coisa que a gente nota que é muito importante o cara gostar daquilo, ele se destaca”.
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