Na porta do hospital onde o contraventor Carlinhos Cachoeira, de 49 anos, está internado, em Goiânia, um homem segurava um banner, nesta quinta-feira (29), com a frase: “Jesus te ama, Cachoeira”.
Adélio Antunes de Barros, de 52 anos,
diz que é microempresário e fez o cartaz pessoalmente. Ele acha que
Cachoeira precisa ser evangelizado para conseguir a salvação. “Depois
que me converti, quero converter os outros. Saber o Evangelho é
importante”, alega.
Para Barros, o contraventor está
passando por “problemas de politicagem”, mas a solução, segundo ele, é
ler a Bíblia: “Eu já até entreguei uma Bíblia para ele quando o vi na
Polícia Federal. Se ele estiver lendo, tudo será resolvido”, acredita.
Na manhã desta quinta-feira, Cachoeira
apareceu na janela do hospital onde está internado. Tomando soro, ele
sorriu, fez sinal de positivo e acenou para a imprensa que aguardava a
divulgação do boletim médico sobre o seu estado de saúde. A previsão de
alta é para esta sexta-feira (30).
O hematologista Cesar Leite informou que
Cachoeira está melhor, dormiu bem e se alimenta normalmente. A única
parte que preocupa, segundo o especialista, é a psquiátrica. “O estresse
é só o tempo que cura. Não conseguimos curar hoje e esse foi o maior
mal dele”, acredita. O contraventor foi internado no Instituto de
Neurologia de Goiânia, na noite do último domingo (25), com diarreia,
náuseas, insônia e estresse.
Para Cesar Leite, o ideal é que
Carlinhos Cachoeira tenha, pelo menos, um mês de repouso. “Eu até falei
para ele sair daqui e ir para um lugar mais tranquilo. Agora, ele vai
ter de dar valor a si mesmo e descansar. É claro que ele precisa
resolver todos os problemas dele, mas tem que desligar um pouco”, diz.
Além do descanso, Cachoeira também
continuará sendo medicado por três meses e receberá acompanhamento
médico neste período. “Vamos devolvê-lo muito bem à família”, afirma o
médico.
Visitas
Desde o início da internação, as visitas a Carlinhos Cachoeira foram limitadas a pessoas da família.
Mulher do bicheiro, Andressa Mendonça
foi vista deixando o hospital por volta das 20h30 de segunda-feira (26).
Segundo informações de funcionários do hospital, que não quiseram se
identificar, ela teria ido para casa descansar.
Andressa deixou a unidade levando uma
bolsa vermelha, uma mala pequena de cor acobreada e uma sacola de papel
de uma loja de roupas e acessórios de grife. Ela foi embora dirigindo o
próprio carro.
Cachoeira está sendo atendido por um
hematologista, um psiquiatra e por um cardiologista. “A situação
orgânica, que são as náuseas e diarreia, nós conseguimos contornar. O
que mais nos preocupa é a parte psiquiátrica. É uma situação comum em
pessoas que ficam em regime prisional. Temos que observá-lo”, explicou
Cesar Leite na segunda-feira.
De acordo com o médico, Cachoeira chegou
bastante debilitado por causa dos 18 kg que perdeu no período em que
esteve preso e está passando por uma bateria de exames. “Ele está muito
fraco, emagreceu muito. O Cachoeira envelheceu 5 ou 6 anos em nove
meses. Ele está passando por muita coisa, viu a mãe morta, está caindo a
ficha dele”, argumenta o especialista.
Liberdade
Após quase nove meses preso, o
contraventor deixou o complexo penitenciário da Papuda, na madrugada no
último dia 21 deste mês. Condenado pela juíza da 5ª Vara Criminal do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal a cinco anos de prisão em regime
semiaberto pelos crimes de formação de quadrilha e tráfico de
influência, por tentar fraudar o sistema de bilhetagem do transporte
público de Brasília, ele foi solto porque tem o direito de recorrer da
decisão em liberdade até o trânsito em julgado da ação (quando não há
mais possibilidade de recurso).
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