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31 de dez. de 2012


Menina que esperou 8h por cirurgia no Rio tem morte cerebral
Adrielly dos Santos, de 10 anos, foi atingida por bala perdida no Natal.
Secretaria de Saúde e pai da criança confirmaram a morte cerebral.

A menina Adrielly dos Santos, de 10 anos, que na noite de Natal (24) foi atingida por uma bala perdida na cabeça em Piedade, no Subúrbio do Rio, teve a morte cerebral confirmada neste domingo (30). A criança estava internada no hospital Souza Aguiar, no Centro, desde quinta-feira (27), quando foi transferida do Salgado Filho, no Méier, onde esperou por oito horas para realizar a cirurgia para retirada do projétil da cabeça. A Secretaria municipal de Saúde e o pai dela confirmaram a morte cerebral.
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"Estou muito mal, e a mãe dela está em estado de choque", disse ao G1, muito abalado, o pai dela, Marco Antônio, que vai ao hospital na manhã desta segunda-feira (31).

Demora no atendimento
A polícia investiga se houve omissão de socorro devido à longa espera. O motivo seria a falta ao plantão do neurocirugião Adão Orlando Crespo Gonçalves, que foi afastado temporariamente do cargo, segundo a Secretaria municipal de Saúde, e um inquérito administrativo foi aberto. Segundo a nota, só é caracterizado abandono após 30 dias de ausência do médico, que terá as faltas descontadas do salário.

A polícia começou nesta quinta a ouvir os envolvidos no inquérito que apura se houve omissão de socorro à menina. O diretor geral do hospital, Conrado Norberto Weber Júnior, foi um dos primeiros a prestar depoimento, ainda na quinta, e deu explicações ao delegado a respeito da rotina de funcionamento do hospital, inclusive em escalas especiais.

Na sexta (28), estavam previstos para serem ouvidos, além de Adão, o chefe da equipe médica, Ênio Eduardo Lima Lopes; e Mário Alberto Lapenta, que assumiu o plantão no dia 25 pela manhã e fez a cirurgia para a retirada da bala da cabeça de Adrielly.
Os pais da menina Adrielly deixam a 23ª DP após prestarem depoimento (Foto: Janaína Carvalho/G1)Os pais da menina Adrielly deixam a 23ª DP após prestarem depoimento (Foto: Janaína Carvalho/G1)

Os pais da menina conversaram, nesta quarta-feira (26), por cerca de uma hora com Archimedes sobre a demora no atendimento da filha. Ele contou que o delegado perguntou como Adrielly foi alvejada e como ela caiu. Marco Antônio disse ainda ao delegado que, quando chegou ao hospital, não havia médico e aguardou oito horas até a filha ser levada para a cirurgia.

Baleada por tiros de traficantes
O caso ocorreu na Rua Amália, perto dos morros do Urubu e do Urubuzinho, em Piedade. Ela havia acabado de ganhar seu presente de Natal quando foi atingida por uma bala perdida, segundo o pai.

Eles estavam na rua, no momento em que traficantes dos morros do Urubu e Urubuzinho começaram a soltar fogos e dar tiros para o alto, ainda de acordo com Marco Antônio.
Pais aguardam notícias sobre Adriele, de 10 anos, atingida por bala perdida na noite de Natal (Foto: Marcelo Ahmed/G1)Pais (de azul e vermelho) aguardam notícias sobre
Adrielly, de 10 anos, atingida por bala perdida na
noite de Natal (Foto: Marcelo Ahmed/G1)

"Ela estava animada que tinha acabado de ganhar uma boneca de presente. Quando foi mostrar o presente, ela caiu. Pensamos que ela tinha machucado a cabeça na queda", contou o pai de Adrielly, acrescentando que a menina no  deu entrada no Salgado Filho à 0h20 desta terça-feira (25).

Só no hospital é que os pais ficaram sabendo que a menina tinha uma bala alojada na cabeça. "Até as 3h da manhã nós não sabíamos de nada. Isso é um absurdo. Não tem ambulância nem médico para operar a minha filha", disse Marco Antônio, pouco antes das 8h20 desta terça, quando foi informado sobre a chegada de um neurocirurgião ao hospital.

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