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22 de ago. de 2012

Feiras de livro como canais de distribuição

Levantamento da Biblioteca Nacional, órgão que coordena as ações do país para o setor livreiro, expõe em números a ampliação do mercado de feiras de livros no Brasil, nos últimos anos. Vale o registro: entre 2010 e 2011 estas passaram de 40 para 100, atraindo um público de 10 milhões visitantes, que gerou receitas na casa dos R$ 100 milhões.

Feiras de livro como canais de distribuição II

A Bienal do Livro de São Paulo encerrada no último domingo reforça essa tendência. Sua 22ª edição bateu seu recorde, alcançando 750 mil visitantes em seus nove dias, sendo 123 mil apenas no sábado, dia 18/8. Um incremento importante a esses números se deve aos Vale Livros. Oferecidos pelo Estado (no valor de R$ 20) e pelo município (no valor de R$ 10) aos 120 mil estudantes de escolas públicas e particulares em visita à feira, além de vales de R$ 50 aos professores da rede estadual, esse tipo de incentivo somou R$ 750 mil às receitas dos expositores.

Feiras de livro como canais de distribuição III

A consolidação desses eventos em nosso mercado aponta mudanças no modelo de circulação de livros no país. Antes mesmo do livro eletrônico se consolidar no Brasil, as feiras de livros, espalhadas pelo país, e novas iniciativas de difusão cultural, como caravanas de escritores, suprem a baixa capilaridade dos canais de venda no país (3000 livrarias para 5700 municípios, sendo 75% desses estabelecimentos nas regiões Sul e Sudeste). Talvez esteja aí uma especificidade de nosso modelo, bem ao gosto de nosso capitalismo local, especializado em explorar as enormes deficiências do país, amparado em generoso auxílio público.

Nas livrarias

Desviando-se das pilhas de “50 tons de cinza”, e de seus congêneres, que invadiram as livrarias como uma praga de gafanhotos, com um pouco de paciência é possível garimpar alguns lançamentos interessantes que merecem atenção. É o caso de “Breve história do mundo” de Ernst Gombrich (Martins Editora, R$ 64,90). Apesar de classificada como infanto-juvenil, é obra para qualquer leitor, escrita por um dos mais importantes críticos da história da arte do século passado, que se vale de sua erudição para contar uma história ilustrada de períodos e personagens fundamentais da humanidade.

Nas livrarias II

Outra boa pedida é a antologia “Poemas escolhidos de Elizabeth Bishop” (Cia das Letras, R$ 44,50), com organização, seleção e tradução do poeta Paulo Henriques Brito. Ótima oportunidade para conhecer a obra de uma das mais importantes poetas do século XX, recentemente homenageada pelo correio americano, numa coleção de selos com os rostos de alguns dos poetas mais importantes do século passado. Bishop é um personagem ainda mais fascinante para nós brasileiros, pelo longo período passado no país, ao lado de sua companheira Lota Macedo, e em seus poemas dedicados ao Brasil. Essa história é contada em “Flores Raras e Banalíssimas”, de Carmen Lucia de Oliveira, que está sendo adaptado para o cinema pelo cineasta Bruno Barreto.

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