Feiras de livro como canais de distribuição
Levantamento da Biblioteca
Nacional, órgão que coordena as ações do país para o setor livreiro,
expõe em números a ampliação do mercado de feiras de livros no Brasil,
nos últimos anos. Vale o registro: entre 2010 e 2011 estas passaram de
40 para 100, atraindo um público de 10 milhões visitantes, que gerou
receitas na casa dos R$ 100 milhões.
Feiras de livro como canais de distribuição II
A Bienal do Livro de São Paulo encerrada no último domingo reforça
essa tendência. Sua 22ª edição bateu seu recorde, alcançando 750 mil
visitantes em seus nove dias, sendo 123 mil apenas no sábado, dia 18/8.
Um incremento importante a esses números se deve aos Vale Livros.
Oferecidos pelo Estado (no valor de R$ 20) e pelo município (no valor de
R$ 10) aos 120 mil estudantes de escolas públicas e particulares em
visita à feira, além de vales de R$ 50 aos professores da rede estadual,
esse tipo de incentivo somou R$ 750 mil às receitas dos expositores.
Feiras de livro como canais de distribuição III
A consolidação desses eventos em nosso mercado aponta mudanças no
modelo de circulação de livros no país. Antes mesmo do livro eletrônico
se consolidar no Brasil, as feiras de livros, espalhadas pelo país, e
novas iniciativas de difusão cultural, como caravanas de escritores,
suprem a baixa capilaridade dos canais de venda no país (3000 livrarias
para 5700 municípios, sendo 75% desses estabelecimentos nas regiões Sul e
Sudeste). Talvez esteja aí uma especificidade de nosso modelo, bem ao
gosto de nosso capitalismo local, especializado em explorar as enormes
deficiências do país, amparado em generoso auxílio público.
Nas livrarias
Desviando-se das pilhas de “50 tons de cinza”, e de seus congêneres,
que invadiram as livrarias como uma praga de gafanhotos, com um pouco de
paciência é possível garimpar alguns lançamentos interessantes que
merecem atenção. É o caso de “Breve história do mundo” de Ernst Gombrich
(Martins Editora, R$ 64,90). Apesar de classificada como
infanto-juvenil, é obra para qualquer leitor, escrita por um dos mais
importantes críticos da história da arte do século passado, que se vale
de sua erudição para contar uma história ilustrada de períodos e
personagens fundamentais da humanidade.
Nas livrarias II
Outra boa pedida é a antologia “Poemas escolhidos de Elizabeth
Bishop” (Cia das Letras, R$ 44,50), com organização, seleção e tradução
do poeta Paulo Henriques Brito. Ótima oportunidade para conhecer a obra
de uma das mais importantes poetas do século XX, recentemente
homenageada pelo correio americano, numa coleção de selos com os rostos
de alguns dos poetas mais importantes do século passado. Bishop é um
personagem ainda mais fascinante para nós brasileiros, pelo longo
período passado no país, ao lado de sua companheira Lota Macedo, e em
seus poemas dedicados ao Brasil. Essa história é contada em “Flores
Raras e Banalíssimas”, de Carmen Lucia de Oliveira, que está sendo
adaptado para o cinema pelo cineasta Bruno Barreto.
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