Ricardo Teixeira ainda recebe salário da CBF
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SÉRGIO RANGEL
DO RIO
Pressionado pelo governo federal e pela Fifa, Ricardo Teixeira renunciou
à presidência da CBF há mais de três meses, alegando que precisava
cuidar da saúde.
DO RIO
Longe do Brasil, o cartola deixou o comando da confederação, mas ainda recebe pagamentos da entidade que dirigiu por 23 anos.
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A primeira liberação de pagamento foi autorizada no dia 30 de março. Segundo o borderô da entidade, o dirigente foi autorizado a receber R$ 105 mil. Como presidente da confederação, ele ganhava R$ 98 mil mensais.
A operação foi repetida no final do mês seguinte. Em 30 de abril, a CBF liberou um depósito ainda maior. De acordo com o borderô daquele dia, o cartola recebeu R$ 120 mil. Em maio, a entidade fez nova liberação. A reportagem não conseguiu precisar o valor que foi concedido.
Isto é Ricardo Teixeira
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Ricardo
Teixeira na festa pela eleição na véspera de sua posse tendo ao fundo o
tio Marco Antonio Teixeira; dirigente renunciou ao cargo Leia mais
O cartola também é remunerado na CBF. Desde o início da gestão Marin, ele recebe mensalmente cerca de R$ 130 mil da confederação.
O paulista deve ser nomeado hoje vice-presidente da região Sudeste. Por ser o mais velho dos vices, Del Nero, 71, será o substituto de Marin em caso de eventual problema com o atual mandatário.
Marin sucedeu Teixeira graças a Del Nero. Há cerca de quatro anos, o cartola da federação paulista indicou o antigo político para ocupar uma das vice-presidências.
Fora dos holofotes desde o dia 12 de março, quando enviou de Miami sua carta de renúncia, Teixeira permanece influente na entidade. Funcionários o informam semanalmente sobre a movimentação financeira da CBF.
No início deste mês, Marin se encontrou pessoalmente com seu antecessor.
No exterior, eles conversaram sobre os bastidores da Fifa e do futebol nacional, além de terem discutido a organização da Copa. Teixeira presidia também o Comitê Organizador Local de 2014.
DENTRO E FORA
Teixeira deixou o poder em março por pressão do governo federal e da cúpula da Fifa. Ele era alvo de denúncias de corrupção tanto no Brasil quanto no exterior.
No país, a Folha demonstrou sua ligação com a Ailanto Marketing, acusada de desvio de dinheiro público em amistoso entre Brasil e Portugal, em 2008, no DF.
No exterior, Teixeira era ameaçado de ser expulso da Fifa por suposto envolvimento com o caso ISL, maior escândalo de corrupção da entidade. Após renunciar à presidência da CBF, abriu mão também dos cargos na Fifa.
PRESIDENTE NÃO COMENTA GANHO DE ANTECESSOR
Marin não se pronunciou sobre a manutenção dos pagamentos feitos a Ricardo Teixeira.
Desde as 15h de ontem, a Folha tentou localizar o dirigente por meio da assessoria da entidade.
Marin havia participado de uma série de eventos em Brasília pela manhã com dirigentes da Fifa e do governo federal e estava em trânsito.
O dirigente participa hoje da assembleia geral da confederação, que reunirá os presidentes de federações e os representantes dos 20 clubes que disputam a primeira divisão do Campeonato Brasileiro.
O dirigente deve falar hoje sobre os pagamentos a Ricardo Teixeira.
Vivendo em Miami desde março, Teixeira não foi encontrado para comentar o assunto. A reportagem ligou para a casa dele no Rio e para seu celular, mas não teve resposta.
Na reunião de hoje na CBF, o presidente da Federação Paulista de Futebol, Marco Polo Del Nero, será eleito vice-presidente da região Sudeste.
Pelas normas da CBF, apenas Rio e São Paulo podem apontar candidatos.
Ele deve ser eleito com facilidade. O Rio não indicou candidato.