Sobre Oscar, adaptações e Faulkner nas livrarias
Após a cerimônia do Oscar, no último domingo, abrandam os holofotes sobre os livros adaptados por parte dos concorrentes – uma versão secundária e sazonal da literatura em nosso ambiente cultural. Em boa parte, são obras que passarão sem deixar maior saudade, tampouco remorso num possível leitor impossibilitado de lê-las.Sobre Oscar, adaptações e Faulkner nas livrarias II
“Os descendentes”, “Histórias cruzadas” e “O homem que mudou o jogo” são histórias sobre aspectos específicos da cultura americana, sem o talento necessário para ampliar essas questões. Sem a potência necessária para que se ultrapasse as limitações locais e se estabeleça o diálogo com o leitor oriundo de outras culturas. O caso de “Histórias cruzadas” é ainda mais emblemático. Ao debruçar-se sobre um ambiente social já mapeado com genialidade por William Faulkner – o sul dos Estados Unidos.Sobre Oscar, adaptações e Faulkner nas livrarias III
Para o leitor que quer ampliar a compreensão das engrenagens sulistas norte-americanas, por meio de uma obra capaz de tornar a cor local compreensível ao mais alheio dos homens, as notícias são boas. O selo Benvirá, da editora Saraiva, lança no país ao longo do ano uma série de obras de Faulkner, Nobel de Literatura em 1962. Do inédito “Lance mortal” (R$ 34,90), que acaba de sair, a clássicos como “O intruso” e “Os invictos”.Sobre Oscar, adaptações e Faulkner nas livrarias IV
“Lance mortal” tem ainda a peculiaridade de formar junto com “Santuário” um segmento pouco lembrado na obra do autor: o romance policial, a narrativa investigativa. Um gênero que com o desenrolar do século XX deixa seu papel marginal para se firmar como material de grandes autores, tornando-se fonte constante para a indústria cinematográfica. O Oscar desse ano teve em “Milenium”(boa adaptação/ótimo roteiro) e “O espião que sabia demais” (adaptação e roteiro medianos) os seus representantes.A rejeição ao senhor Nobbs
Por último, mas não menos importante. É interessante observar a distância a que o nosso mercado editorial se mantém da obra de George Moore. O precursor do modernismo irlandês (que daria mais tarde simplesmente em James Joyce), nem mesmo com as indicações ao Oscar da bela adaptação de seu “A vida singular de Albert Nobbs” parece conseguir convencer os editores locais a traduzir sua obra para o leitor brasileiro.
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