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14 de dez. de 2011

Herdeiros

Já foi assunto aqui na coluna. E, pelo visto, seguirá sendo. A relação de herdeiros com o espólio dos escritores. No país, o caso de Cecília Meireles é o mais emblemático. Filhos, netos que não se entendem. Parte deles, depois de uma disputa de mais de um ano, assinou com editora Global. A outra contesta o acordo. Enquanto isso Cecília some das livrarias. Quase 50 anos após a sua morte, sua obra sofre pela inabilidade de sua família. Será que ainda faz sentido uma lei que mantém por 70 anos, a partir da morte do autor, seus direitos autorais na mão de seus familiares?

Democracia digital?

A União Europeia investiga a Apple e cinco das maiores editoras do mundo por suposta formação de cartel na venda de e-books. A acusação está diretamente relacionada ao modelo proposto pela empresa de Steve Jobs para venda de livros digitais. Ao contrário da Amazon, que estabelecia por sua conta o preço de venda de cada exemplar, a Apple acordou com as editoras que estas determinassem o preço de seus produtos (o que já ocorre com o livro físico). Desta forma, o valor pago pelas edições digitais cada vez mais se aproxima de suas versões em papel, aumentando consideravelmente as margens das editoras, e prejudicando os consumidores.

Pinguins brasileiros

A compra de parte da Cia das Letras pela gigante inglesa Penguin é mais um passo na consolidação do mercado brasileiro. Depois de uma primeira onda ibérica, com espanhóis e portugueses como Planeta, Santillana e Leya entrando no país, a chegada dos ingleses, que fazem parte do conglomerado Pearson, parece ser apenas o primeiro movimento de um processo que deve ganhar músculos a partir do ano que vem, com a chegada dos gigantes digitais Amazon e Google. É difícil imaginar o final desta década sem que as maiores editoras nacionais estejam associadas a parceiros internacionais.

Os mestres da narrativa breve

Se o romance se assemelha ao filme pelo desenvolvimento de temas ao longo do tempo, o conto mais se parece com a fotografia. A ideia é de Julio Cortázar, e descreve com talento o efeito concentrado dessas narrativas curtas que, como bem aponta Ricardo Piglia, nos oferecem sempre duas histórias: uma aparente e outra cifrada. Algo visível como a ponta de um iceberg, na acepção de Hemingway, e uma parte submersa, não explícita, que produz “o efeito de surpresa quando o final da história secreta aparece na superfície”, como esclarece Piglia.

Os mestres da narrativa breve II

Pois todos esses efeitos, manipulados por alguns de seus principais artífices, são apresentados em “Nova antologia do conto russo” (Ed. 34, R$ 74,00). São quarenta contos, de quarenta autores, cobrindo uma produção que vai do final do século XVIII até 1998. De gente como Púchkin, Gógol, Dostoiévski, Tchekhov, Tolstói, Pasternak, Bábel e Nabókov. E de uma série de autores ainda inéditos no país. Traduzido diretamente do russo, e organizado pelo professor Bruno Baretto Gomide, da Universidade de São Paulo, o volume é uma aula prática de uma das escolas que mais aprofundaram o gênero.

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